O Globo
Jair Bolsonaro não gosta de ser
questionado. A quatro meses da eleição, ele avisou que deve faltar aos debates
entre os presidenciáveis. Só pretende dar as caras no segundo turno — se
houver, é claro.
“No primeiro turno, a gente pensa. Porque se eu for, os dez candidatos ali vão querer todo o tempo dar pancada em mim”, disse.
Em conversa com o animador Ratinho, o
capitão propôs um formato inusitado de debate: as perguntas feitas aos
candidatos teriam que ser combinadas antes do início do programa. “Até para não
baixar o nível”, justificou.
Num encontro a sério, os políticos são
confrontados com assuntos incômodos e precisam se virar sem a cola do
teleprompter. O que Bolsonaro propõe é outra coisa: transformar um gênero
jornalístico em peça de propaganda.
Em 2018, o capitão só aceitou participar de dois debates. Na Band, ficou nervoso quando Guilherme Boulos quis saber por que ele embolsava o dinheiro do auxílio moradia em Brasília. Na RedeTV!, foi espinafrado por Marina Silva por ter ensinado uma criança de colo a fazer o sinal de arminha.
Depois da facada, Bolsonaro não compareceu
mais a nenhum confronto. Alegou razões médicas, que não o impediram de aceitar
outros compromissos. No segundo turno, ele repetiu a desculpa para não enfrentar Fernando Haddad. Os
debates foram cancelados, o que beneficiou o capitão.
A tática de fugir da raia não é nova.
Fernando Collor (1989), Fernando Henrique (1998) e Lula (2006) também se
recusaram a encarar os adversários no primeiro turno. A diferença é que os três
lideravam as pesquisas, e Bolsonaro aparece 21 pontos atrás do petista no
Datafolha.
As razões do atual presidente são outras.
Num debate de verdade, ele precisaria dar explicações sobre a inflação
galopante, os rolos dos filhos e a demora a comprar vacinas.
O capitão prefere frequentar ambientes onde
não corre o risco de ser questionado. No bate-papo com Ratinho, que já atuou
como garoto-propaganda de seu governo, ele mentiu à vontade sobre a urna
eletrônica, as queimadas na Amazônia e as críticas da classe artística.
Um comentário:
''Os rolos dos filhos'' e dele próprio,a verdade é que Bolsonaro,além de tudo,tem muita dificuldade de se expressar,mesmo lendo,ainda mais falando de improviso.
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