Valor Econômico
Cada vez mais, à medida que a campanha
eleitoral avança, “fake news” serão jogadas no colo dos eleitores
Dias atrás, um candidato à Presidência fez
afirmações equivocadas ou mesmo mentirosas sobre dados de governos passados.
Cada vez mais, à medida que a campanha eleitoral avança, “fake news” serão
jogadas no colo dos eleitores.
Nesta coluna, pretende-se apresentar
números básicos objetivos, sem qualificação, sobre os oito governos desde a
volta das eleições diretas, em 1989. São alguns indicadores macroeconômicos e
sociais geralmente utilizados para avaliar o desempenho de um governo, como
inflação, PIB, dívida externa, mortalidade infantil, desemprego etc.
Como o colunista não dará sua opinião, caberá ao leitor observar os números e tirar conclusões. Alguns ex-presidentes ou correligionários deles, para justificar maus desempenhos, poderão sempre apelar para a velha tese da herança maldita. Outros, como já fizeram muitas vezes, argumentarão que resultados posteriores positivos se devem à herança bendita, aquela decorrente de medidas tomadas por governos que precederam àquele que apresenta bons indicadores.
Muitas medidas, de fato, têm efeitos
favoráveis ou desastrosos a médio prazo. Discutem-se hoje, por exemplo, as
sequelas da implantação do teto de gastos na gestão Michel Temer. Economistas
liberais consideram que o teto impediu políticas de populismo fiscal. E
progressistas dizem que a medida amarrou as mãos dos formuladores de política
econômica, bloqueou investimentos e teve forte impacto recessivo.
Outro exemplo: a PEC da “Bondade”, que
atropela o teto e autoriza gastos de R$ 41,2 bilhões até 31 de dezembro, com
evidentes objetivos eleitorais, terá implicações fiscais no próximo governo.
Costuma-se dizer que contra fatos não há argumentos, embora um empresário
importante do passado recente do país, José Mindlin, certa vez tenha invertido,
sábia e jocosamente, o sentido da frase dizendo que “o economista é aquela
pessoa para a qual contra argumentos não há fatos”.
As tabelas ao lado, elaboradas pelo
economista Robinson Moraes, do Valor Data, mostram dados incontestáveis dos
últimos 33 anos. Retratam fatos e serão úteis para checar possíveis citações de
candidatos. Os itens são limitados, naturalmente. Não trazem alguns indicadores
importantes como o número de pessoas que passam fome (33 milhões). Nem dados
ambientais e sobre segurança pública, estupros, assassinatos etc, que têm chamado
a atenção da opinião pública nos últimos anos. Mas são números básicos, que
podem indicar para onde está indo uma administração pública.
É possível e já foi até muito usual a manipulação de números no Brasil. Durante a ditadura, dados da inflação e índices de correção eram arranjados. Hoje, com tantas informações disponíveis, ficou mais difícil essa manipulação. Mas há, ainda, muitos torturadores de números.
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