Folha de S. Paulo
Sob Bolsonaro, caça ao animal virou
pretexto para armar a população
Entre as promessas de Bolsonaro estava a de
aniquilar o javali. "É liberar a caça ao javali e ponto final. Não temos
como conviver com javalis. Alguns falam em castração, mas não tem como castrar.
A velocidade de procriação é enorme, três crias por ano, uma fêmea chega a
gerar 50 filhotes", disse ele no Facebook, em 2018. Os javalis, a despeito
da sentença de morte, seguem procriando adoidado.
Outra das promessas era dar um fim à bandalheira financiada pelo governo. Mas os corruptos nunca tiveram tanta facilidade para agir, sobretudo depois que Bolsonaro, para evitar o impeachment, abriu os cofres ao centrão, tornando o presidente da Câmara, Arthur Lira, dono do Orçamento –que passou a ser distribuído secretamente. Mais robusto que o mensalão e o petrolão, o dinheiro do secretão financiaria o extermínio de manadas de javalis e javaporcos no mundo inteiro.
A caça ao animal – cujo abate é permitido
desde 2013 para evitar a transmissão de doenças e o prejuízo dos agricultores–
virou reles pretexto para armar a população civil. Quanto mais javalis (o
número deles triplicou nos últimos anos, dizem até que tem gente espalhando o
bicho de propósito) melhor para o negócio do armamento e para a criação de
grupos de caçadores.
Que às vezes são tudo, menos caçadores.
Quem faz a festa são milicianos, traficantes e assaltantes. Não há dia em que
um criminoso não seja preso passando-se por colecionador ou atirador esportivo.
Ou um bate-boca que não acabe em tiroteio.
Hoje há 2,8 milhões de armas de fogo registradas em acervos particulares e quase 700 mil pessoas cadastradas como CACs, contingente maior que o das polícias militares e o das Forças Armadas. A facilitação na compra de armas sob Bolsonaro – 19 decretos, 17 portarias, duas resoluções, três instruções normativas, dois projetos de lei – reflete um país que se prepara para a guerra, não para as eleições.
Um comentário:
É muita bandalheira,cruzes!
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