quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Maria Cristina Fernandes - Bolsonaro adotou o figurino na ONU porque se esgotaram suas fantasias

Valor Econômico

Noves fora as costumeiras mentiras, Bolsonaro seguiu o padrão da política externa brasileira na ONU, adotando um figurino que mostra que já não encontra mais fantasia com a qual seja capaz de se reinventar

Noves fora o endereçamento doméstico e as costumeiras mentiras ditas naquele púlpito, o presidente Jair Bolsonaro seguiu o padrão da política externa brasileira no discurso proferido na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. E não poderia haver sinal maior de que está perdido. Se adotou o figurino é porque já não encontra fantasia com a qual seja capaz de se reinventar.

Apontou o retrocesso provocado pela guerra da Ucrânia na economia de baixo carbono que forçou o uso de fontes sujas de energia, criticou a adoção de sanções unilaterais e exortou a negociação e o diálogo na solução do conflito. Agradeceu aos países que ajudaram na evacuação de brasileiros da Ucrânia e defendeu os princípios da Carta da ONU por uma solução duradoura para a região.

Mais do mesmo? Não. Basta lembrar o que Bolsonaro falou em 2019, quando seu guia de política externa era Ernesto Araújo. Foi um discurso repleto de ditadura cubanaVenezuela, Fidel CastroHugo Chávezsocialismo e Foro de São Paulo.

Naquela estreia fez uma longa peroração sobre a ideologia que, além de “perverter até mesmo sua identidade mais básica e elementar, a ideológica”, também “expulsa Deus”. Exortou a ONU a derrotar o “ambiente materialista e ideológico” prevalente com aquele apóstolo de sua predileção (João, 8, 32). E tascou um ponto de exclamação ao adotar o hino anti-globalista de Ernesto Araújo: “Esta não é a Organização do Interesse Global”.

De lá para cá, Bolsonaro passou a ser acompanhado em suas viagens internacionais pelas projeções que, no topo dos prédios, exibem os predicados que envergonham os brasileiros perante o mundo.

Na noite anterior a seu discurso, as projeções estamparam o prédio da ONU. Ele tinha acabado de desembarcar de Londres, onde protagonizou o vexame mundial que foi a transformação do velório da rainha Elizabeth II num palanque eleitoral. Sem ter condições de competir com nenhuma das versões, optou pelo comedimento.

3 comentários:

Anônimo disse...

Como pode seguir "um padrão brasileiro na ONU" e ao mesmo tempo mentir?
Ah, percebi, o padrão brasileiro é esse mesmo (ironia, gente).

Anônimo disse...

Abandonar a "ideologia" fascista do Ernesto Araújo já foi um grande avanço! Não babarosovos do Trump também foi outro avanço. Será que o affair de Trump e Bolsonaro foi encerrado? Nem jantaram juntinhos desta vez...

ADEMAR AMANCIO disse...

Só Jesus na santa causa,rs.