quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Bernardo Mello Franco - Valdemar deveria ouvir Valdemar

O Globo

Para desmontar nova farsa do chefão do PL, basta confrontá-lo com suas próprias palavras

Em setembro de 2021, Valdemar Costa Neto gravou um depoimento em defesa da urna eletrônica. O poderoso chefão do PL garantiu que o sistema era confiável e criticou os bolsonaristas que se esgoelavam pelo retorno do voto impresso. “Não se trata de ser contra ou a favor do Bolsonaro. Se trata de defender os interesses do país”, sentenciou.

Ontem o mesmo Valdemar convocou a imprensa para um pronunciamento em Brasília. Insinuou que a urna teria problemas e, sem apresentar provas, pediu a anulação de milhões de votos do segundo turno. Curiosamente, não pediu a anulação de nenhum voto do primeiro turno, quando o PL elegeu a maior bancada da Câmara e do Senado.

Valdemar é um profissional. Condenado e preso no mensalão, renunciou duas vezes para não perder os direitos políticos. Na cadeia, manteve a sigla sob rédea curta e apurou o faro para novos negócios. No fim do ano passado, articulou a filiação de Bolsonaro e sua trupe. Foi um investimento lucrativo. Até 2026, ele será recompensado com a maior fatia das verbas do fundo partidário.

A ação do PL seria cômica se não fosse perigosa. Na prática, o partido quer que o TSE jogue milhões de votos no lixo e proclame Bolsonaro como vencedor da eleição que perdeu. Isso não vai ocorrer, mas a mera apresentação do pedido já ajuda a manter acesa a chama do golpismo.

O ex-deputado não está sozinho no esforço para minar a democracia. No fim de semana, o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União, disparou um áudio para empresários do agronegócio. Em tom conspiratório, relatou um “movimento forte nas casernas” e envolveu os militares num suposto golpe em gestação. Quando a gravação veio à tona, acovardou-se e disse ter sido mal compreendido.

A Justiça precisa enquadrar os oportunistas que tentam incendiar o país para bajular o capitão. No caso de Valdemar, a melhor forma de desmontar a farsa é confrontá-lo com suas próprias palavras. No vídeo de 2021, o chefão do PL lembrou que Bolsonaro se elegeu presidente pelo mesmo sistema que passou a questionar. “Como reclamar da urna eletrônica? Não tem como reclamar”, concluiu.

 

3 comentários:

Fernando Carvalho disse...

A conivência dos militares com essa palhaçada golpista diante dos quarteis revela a dubiedade de caráter de nossos milicos.

Anônimo disse...

Pois é, foram humilhados pelo genocida, a quem adoram, e respeitados pelo LULA, a quem odeiam.
Isso é ideológico. Foram ensinados a odiar o LULA.
CONCLUSÃO: LULA terá q modificar o currículo q é ensinado nos quartéis.

E ISSO SERÁ FEITO.

ADEMAR AMANCIO disse...

Ou ouvir sua ex-mulher,e já diz o ditado que ex-mulher é pra sempre.