Folha de S. Paulo
Há sinais de que Lula será menos magnânimo
do que poderia
Lula venceu a eleição e tem direito de
nomear quem bem entender para os ministérios. Mas admito que,
talvez por "wishful thinking", achei que o petista apostaria numa
espécie de governo de união nacional, entregando cargos relevantes a outros
partidos. Pelos nomes já anunciados e pelo que leio nas colunas de bastidores,
o lado fominha
do PT vai prevalecendo.
Vá lá que a Fazenda tenha ido para Fernando Haddad. Era o melhor jeito de Lula manter ascendência sobre a economia. Se tivesse dado o cargo a alguém com o perfil mais liberal, como o tal de mercado teria desejado, o ministro estaria comprometido com uma agenda diferente da do presidente. A voz do mandatário sempre prepondera (vide Guedes), mas, no limite, Lula precisaria demitir o ministro para impor sua vontade. Com Haddad não há esse risco.
Só que essa escolha também teve custos, que
são agravados por declarações pouco diplomáticas de Lula a respeito
principalmente da questão fiscal. A somatória de ditos e feitos do presidente
já provocou uma elevação dos juros, o que tende a ser ruim especialmente para o
futuro governo, que gastará mais com a dívida e ainda amplia os riscos
inflacionários.
O imbróglio da Fazenda, admito, cai na
definição clássica de dilema: qualquer solução implicaria ônus. O meu ponto é
que há sinais de que Lula será menos magnânimo do que poderia em relação a
outros ministérios. De novo, são escolhas. Cercar-se de petistas aumenta sua
influência nas pastas; deixar de dividir o poder com aliados de outras siglas
torna futuras crises mais prováveis e mais difíceis.
Outra sinalização que me pareceu complicada
foi a mudança na Lei das Estatais. Até pelo contraponto a Bolsonaro, eu
esperaria da gestão petista um respeito maior à institucionalidade. Alterar uma
regra no geral positiva, seja para dar um cargo a um amigo, seja para afagar o
centrão, não é o melhor exemplo de apego às instituições.
Um comentário:
A voz do mandatário sempre prepondera - vide Guedes, mas vide especialmente o inesquecível ministro General Pazuello, que comandou o combate do nosso país contra a Covid-19 e deixou morrerem 4 vezes mais brasileiros que a média mundial, sempre seguindo os ditames do GENOCIDA ao qual ele OBEDECIA cegamente! Agraciado pelos (milicianos) cariocas com mandato de deputado federal pelos próximos 4 anos...
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