Folha de S. Paulo
Decisão de Moraes, na prática, determina
que polícias não podem servir de escolta para golpistas
É provável que nenhum policial bolsonarista
tenha deixado de ser bolsonarista desde
o último domingo. Mas o custo de sorrir para selfies com criminosos e tomar
água de coco enquanto golpistas tentam derrubar o governo ficou mais alto.
As ordens de prisão contra o ex-comandante da PM e o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal foram um recado para forças de segurança de todo o país. A decisão de Alexandre de Moraes, na prática, determina que agentes públicos não podem conceder porteira aberta para atos antidemocráticos e oferecer suas tropas para escoltar golpistas.
A colaboração da polícia da capital foi uma
das principais marcas dos ataques de domingo. Somada ao apagão
de inteligência do governo Lula e à boa vontade das tropas, a omissão
das autoridades locais permitiu que os golpistas ocupassem com tranquilidade e
destruíssem as sedes dos três Poderes.
Acabar com a leniência das forças de
segurança se tornou uma medida necessária, uma vez que os golpistas continuam
mobilizados e planejam novos atos. Como agirão as polícias do Rio e de São
Paulo, estados governados por bolsonaristas, se esses grupos atacarem
refinarias ou quebrarem prédios públicos?
A bolsonarização desembaraçada das
PMs e
de outras polícias é uma herança dos últimos quatro anos. Em
Brasília, manifestantes
tratavam as tropas como aliadas e se orgulhavam do fato de que os
agentes facilitavam o caminho dos invasores.
A decisão do STF tem o objetivo de quebrar
essa omissão com um apelo à hierarquia. Muitos policiais devem continuar
alinhados a Jair Bolsonaro, mas a tolerância deveria ser interditada nas
cadeias de comando, com ordens claras para combater esses criminosos.
Punir chefes de segurança que se comportam
de maneira contrária é condição para restabelecer a ordem, mas sem espaço para
excessos. As prisões só devem durar enquanto forem necessárias para investigar
a responsabilidade de cada personagem, até que eles sejam julgados.
Um comentário:
Bruno Boghossian.
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