O Estado de S. Paulo
A cada ‘forasteiro’, há um petista ou afim como contraponto. Isso causa ruído e agita a oposição
O presidente Lula reúne seu Ministério
hoje, depois de uma primeira semana de emoção, simbologia, muitos anúncios de
despesas, nenhum de receitas, “algumas divergências” entre ministros, como
admitiu Simone Tebet, do Planejamento, e solavancos e um sobe e desce da Bolsa
e do dólar.
Tebet (MDB) é liberal e Fernando Haddad
(PT), da Fazenda, nem tanto. José Múcio (exPFL), da Defesa, tem fala mansa e
Flávio Dino (PSB, ex-PCdoB), da Justiça, fala duro. Carlos Fávaro (PSD), da
Agricultura, tem de pacificar o agronegócio, já Paulo Teixeira (PT), do
Desenvolvimento Agrário, e Marina Silva (Rede, ex-PT), do Meio Ambiente,
precisam pôr as “boiadas” de volta no curral.
Vejam que, nesta “frente ampla”, em que há um “forasteiro” de MDB, PSD, União Brasil, há um petista ou aliado de primeira hora como contraponto, lembrando a verdadeira origem e a alma do terceiro governo Lula. E o presidente vai deixar claro, hoje, que quem manda é ele.
Lula não apresentou plano de governo na
campanha e na transição, mas já no discurso de posse sinalizou que vai estar
mais à esquerda do que nos dois primeiros mandatos. Henrique Meirelles foi ao
ponto: “Parece que o Lula não vai repetir o governo dele, mas o de Dilma” (que
gerou dois anos de recessão). Pano rápido.
Em uma semana, Lula demonizou o teto de
gastos, sem apresentar alternativa; Luiz Marinho (Trabalho) acenou com revisão
da reforma trabalhista; Carlos Lupi (Previdência), com a previdenciária. E Jean
Paul Prates declarou que o governo é quem define a política de preços da
Petrobras – empresa com regras e acionistas.
Prates diz que foi “mal interpretado”, mas
a coceira da intervenção vem de longe e o que jogou a Petrobras no fundo do
poço não foi só o petrolão, mas também o represamento político de preços na era
Dilma. Bolsonaro, tosco e inábil, demitiu uns tantos presidentes, até jogar a
conta para os Estados. Lula não é tosco nem inábil e, ainda por cima, cobra “a
função social da Petrobras”. O que fará?
Já o “conflito” entre Dino e Múcio é jogo
combinado. PT e esquerda em geral não podem exigir que Múcio chegue atirando
nas Forças Armadas, tão danificadas por Bolsonaro. Ele foi posto lá exatamente
para o oposto: apaziguar os ânimos e recolher as armas e balas.
Tudo isso causa ruídos e dá carne aos
leões, que falam em Estado inchado, intervencionismo, desastre e, assim,
mobilizam as abatidas tropas bolsonaristas na internet. É melhor deixar leões e
tropas à míngua. Haddad, cauteloso, e Rui Costa (Casa Civil), desautorizando
reformas das reformas, cuidam disso. Com a palavra, Lula!
2 comentários:
Podexá, Eliane...
Com um pquim mais de tempo, Lula vai domar direitim esses "leões de toucador"...
Vai tudo virar gato capado e manso, cê vai er!
''Lula não é tosco nem inábil''.
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