domingo, 12 de fevereiro de 2023

Celso Ming - E o crédito começa a secar...

O Estado de S. Paulo

Depois do caso Americanas, as torneiras do crédito começam a se fechar. Enquanto o governo ficou discutindo os juros altos, a meta de inflação e a autonomia do Banco Central (BC), os bancos saltaram para a defensiva e passaram a restringir o crédito, principalmente para o varejo.

Quando se trata de produto essencial, como combustíveis, alimentos – e crédito –, pior do que o preço alto é a escassez.

Ainda não há informações sobre o impacto do fator Americanas sobre as operações ativas dos bancos, mas o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, admitiu nessa sexta-feira que o crédito ficou bem mais seletivo e vai ficar assim por tempo indeterminado. O economista-chefe do Grupo Itaú, Mário Mesquita, espera para este ano um avanço do crédito no País de apenas 8% ante o de 14% em 2022. As lojas Marisa e a companhia de aviação Azul começam a sentir o estrangulamento. E há as ameaças da Oi e da Light.

O Brasil tem histórico recente de quebras de redes de varejo ou de saídas de mercado por falta de resultados. Nem sempre se trata de fraude ou de má administração. Uma lista incompleta: Mappin, G. Aronson, Mesbla, Ducal, Ultralar, Sears, Lojas Brasileiras (Lobras), Arapuã, Jumbo Eletro, Makro, Livraria Cultura... e agora, Americanas.

O programa Desenrola, por meio do qual o governo pretende ampla renegociação das dívidas das famílias junto à rede bancária, pode ficar ainda mais enroscado com esta nova seca.

O maior concorrente das empresas e das famílias no acesso ao crédito é o próprio governo, de longe o maior devedor do País. Por que um banco tem de correr riscos, se pode colocar seu dinheiro, no mole, em títulos do Tesouro, nas chamadas operações de tesouraria?

Quanto maior o rombo fiscal, como vai acontecendo, maior é a necessidade do Tesouro de lançar títulos no mercado para cobrir suas despesas. Ou seja, mais do que a inadimplência e a quebra de empresas, a irresponsabilidade fiscal é o principal fator de escassez de crédito.

Com a revolução tecnológica, a administração de risco ficou mais complicada. Não são apenas as agências de avaliação de risco e as companhias de auditoria que vão levando bola entre as pernas. Os bancos também têm errado muito. Basta conferir a qualidade das indicações de investimento que têm feito a seus clientes. Além disso, as análises de risco têm agora de levar em conta as exigências socioambientais, que podem inviabilizar um financiamento.

Em situações como essa, os governos, como o atual, são tentados a obrigar os bancos a soltar as amarras. Não levam em conta velho ditado popular, segundo o qual qualquer um pode levar o cavalo à beira do rio, mas não pode obrigá-lo a beber.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cavalo com sede bebe até se fartar
(pra cabeça ruim do velho Ming tudo é culpa do governo)

Anônimo disse...

Mais respeito com o ótimo Ming não é pedir demais. Esse é o desgoverno do PT com às agressividades gratuitas. Nível que é bom não existe, baixaria um modus operandi dos desclassificados.

Anônimo disse...

Abaixo ROBERTO CAMPOS NETO no BC!
ANDRÉ LARA RESENDE para PRESIDENTE DO BC NO GOVERNO LULA!