O Globo
Os dois dividirão o palco, e os presságios
são ruins
Confirmadas as expectativas, a partir desta
quinta Jair
Bolsonaro estará no Brasil, procurando espaço para fazer contraponto
a Lula.
Será uma situação inédita, com um ex-presidente, derrotado nas urnas por
pequena margem (1,8%
ponto percentual), opondo-se ao titular. Até agora, os ex-presidentes
recolheram-se em elegante silêncio. Além disso, Bolsonaro e o Lula 3.0 têm a
marca comum de uma agressividade tóxica para a paz política.
O ex-capitão mostrou-se um criador de casos
em toda a sua carreira política. Nos quatro anos de governo, brigou com as
vacinas, com a China e com as urnas eletrônicas, para citar apenas três
exemplos. Já Lula, que se define como uma "metamorfose ambulante",
fez sua campanha prometendo uma pacificação política e entrou no Planalto
brigando com o presidente do Banco Central e vendo
uma "armação" do senador Sergio Moro numa investigação da Polícia
Federal.
Lula foi eleito por um arco de forças que defendiam a democracia. Quem acha que esse é um simples palavrório deve se lembrar da tarde de 8 de janeiro em Brasília. O arco democrático é algo diferente da frente de partidos que apoiou Lula. No primeiro estão pessoas como o ex-ministro Pedro Malan. No segundo está a força do Partido dos Trabalhadores. Bolsonaro e os golpistas juntaram esses dois blocos, mas, desde que chegou ao governo, Lula pouco fez para manter o arco. Pelo andar da carruagem, pouco fará.
Bolsonaro foi alimentado pelo sentimento
antipetista e foi batido pela sua agressividade irracional e errática.
Regressando, ele quer liderar a direita que tirou do armário, mobilizou e
acabou por avacalhar. Pode ser que ele sonhe ser um novo Carlos Lacerda, que o
francês Charles De Gaulle chamou de "demolidor" de presidentes.
Lacerda foi um grande governador da cidade do Rio de Janeiro. Falta ao
ex-capitão um legado semelhante.
Bolsonaro
volta menor, até porque o conservadorismo nacional já dispõe de dois
quadros racionais: os governadores de São Paulo, Tarcísio
de Freitas, e de Minas Gerais, Romeu Zema.
O ex-presidente, contudo, precisa voltar a se alimentar com o antipetismo. Já
se abasteceu nele, com sucesso. Precisa da colaboração do PT, e daquilo que se
supõe ser a esquerda, para voltar a crescer.
Num cenário no qual Lula 3.0 e Bolsonaro
compartilhem a cena abundam os maus presságios. São trazidos pelas
características de dois personagens atraídos pela onipotência. A do ex-capitão
está no seu DNA. A de Lula é recente e, de certa forma, pontual. Por mais que
se entendam as razões da malquerença de Lula por Sergio Moro,
a sua elevação à categoria de ideia fixa é inútil e derrogatória para um
presidente. As caneladas de Lula em Michel Temer mostram sua disposição de
estreitar o arco de forças que se comprometeram com a democracia. O
ex-presidente manteve-se neutro na disputa, defendendo seu governo, a
democracia e a Constituição. Atacá-lo foi no mínimo uma inutilidade.
Os maus presságios cristalizam-se no risco
de um debate de polarizações irracionais. O Brasil já foi governado por um
presidente que hostilizava a vacinação durante uma epidemia. Depois da derrota,
Bolsonaro disse que teria feito melhor se deixasse a Covid por conta do seu
ministro da Saúde. Pedir desculpas a Luiz Henrique Mandetta e a Nelson Teich?
Nem pensar.
5 comentários:
O boçal tem um lado tétrico que Elio Gaspari não enxerga. É o lado necrófilo (só a etimologia). O lado que tem a ver com a especialização dele em matar. A que envolve um tal de canto da praia. Com o seguidor dele que quis explodir 60 mil litros de querosene de avião perto do aeroporto de Brasília. Teve um caso de um homem preso pela Polícia Federal armado com um fuzil de longo alcance. Provavelmente o alvo seria a cabeça de Lula. E o que se espera é que tal tipo seja preso ou na pior hipótese seja considerado inelegível.
Vamos ver se o PatoManco terá algo a grasnar além do pedido de segurança, segurança, ou se será, mais uma vez, apenas o 'manequim de monta' do Bozo
GOVERNADOR DA GUANABARA?
GOVERNADOR DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO?
QUÁ, QUÁ, QUÁ
Perfeito!
É...
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