O Estado de S. Paulo
Um ‘ex-major que não vale nada’, a minuta de golpe do ministro da Justiça e o 8 de janeiro
A Polícia Federal atirou no que viu e
acertou no que não viu: a operação para desbaratar o que o ministro Alexandre
de Moraes chamou de “organização criminosa” mirava a falsificação de atestados
de vacinação de covid no sistema do Ministério da Saúde, mas acertou em
mensagens que são ouro puro (não joias das Arábias...) para as investigações
sobre a tentativa de golpe no Brasil.
Um major expulso do Exército, com sete prisões nas costas, suspeito de repassar armas para quadrilhas, que diz “saber tudo” da morte de Marielle Franco, ajudou na fraude das vacinas e gravou áudio sobre o andamento de um golpe de Estado para o ajudante de ordens do presidente, um tenente coronel da ativa, que estava na antessala do gabinete presidencial.
No áudio, revelado pela CNN Brasil, o
ex-major Ailton Barros fala as seguintes pérolas (também não das Arábias): era
preciso que o comandante do Exército “faça o que tem de fazer”, inclusive um
pronunciamento; senão ele, o presidente Jair Bolsonaro faria; prender Alexandre
de Moraes num domingo; e ler as portarias e decretos do golpe na segunda-feira,
com GLO, leia-se, Exército nas ruas.
Loucura? Mas combina com o atentado de 8/1
e a minuta de golpe que a PF encontrou na casa do ex-ministro da Justiça
Anderson Torres, que mapeava os votos do agora presidente Lula no primeiro
turno para jogar a PRF contra eleitores petistas. Pela minuta (“portaria ou
decreto”), o TSE seria deposto por uma comissão mista de civis e militares. É
golpe ou não?
“Nós temos a caneta e temos a força. Braço
forte, mão amiga”, diz Ailton na mensagem, tratando o Exército Brasileiro como
golpista e mequetrefe. Logo ele, amigão do ex-presidente, candidato derrotado
como “01 do Bolsonaro”, que é mal visto pelos antigos pares: “esse major é de
péssima reputação! Não vale nada”, atesta um general.
Mas esse que “não vale nada” não fala
sozinho. Eduardo Bolsonaro: “basta um soldado e um cabo para fechar o STF”.
Ex-ministro da Educação (da Educação!) Abraham Weintraub, na reunião
ministerial que expôs as vísceras do governo Bolsonaro: “Eu botava esses
vagabundos todos na cadeia, começando no STF”. E quantas vezes o próprio
presidente liderou atos contra Supremo e ministros, particularmente Alexandre
de Moraes?
Tudo isso explica o 8 de janeiro e quem
botava a mão na massa para Bolsonaro, por exemplo, embolsar os tesouros da
Arábia Saudita e depois entrar nos EUA com atestados falsos de vacina, era o
tenente coronel da ativa Mauro Cid. Primeiro de turma no Exército, agora está
na cadeia, como Anderson Torres e Ailton Barros. Todos juntos, todos embolados.
Um comentário:
Carácoles! Quem mistura com porcos,farelo come.
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