sábado, 10 de junho de 2023

Alvaro Costa e Silva - Relíquias de Bolsonaro

Folha de S. Paulo

Relógio com diamantes e escultura de ouro estavam na fazenda de Piquet

Não somos criativos na hora de esconder dinheiro. Um dos lugares prediletos é a cueca, com três casos notórios: em 2005, um assessor do deputado José Guimarães foi preso no aeroporto de Congonhas com US$ 100 mil atochados na peça íntima, fora os R$ 209 mil que carregava na maleta de mão; em 2019, João Bosco, um ex-prefeito de Uiraúna (PB), foi flagrado malocando R$ 25 mil; em 2020, o senador Chico Rodrigues usou a cueca e as nádegas para acomodar R$ 30 mil.

Mochilas são óbvias. Daí que foram utilizados guarda-roupas, meias e panelas. Em 2017, o então ministro Geddel Vieira Lima destinou um apartamento em Salvador para abrigar R$ 51 milhões em caixas de papelão e malas de viagem. Foi a maior apreensão em dinheiro vivo da história da Polícia Federal, que demorou 14 horas para contar a bufunfa.

Com o empresário Murilo Nogueira Júnior, suspeito de desvio de verba em compras superfaturadas de kits de robótica pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, voltamos aos lugares manjados. A PF encontrou, em endereço ligado a Nogueira, um cofre com R$ 4,4 milhões. Curioso é que, ao lado dos pacotes de dinheiro, havia cartelas de Cialis, uma espécie de prima mais fogosa do Viagra.

Ao lançar mão de uma fazenda em área nobre de Brasília, Bolsonaro inovou. O imóvel, cujo proprietário é o ex-campeão de Fórmula 1 Nelson Piquet, fica a menos de 100 metros da entrada do condomínio onde mora atualmente o ex-presidente.

Para a fazenda foram enviadas 175 caixas com mais de nove mil presentes recebidos por Bolsonaro, acervo privado que está na mira da PF. Além das joias árabes já conhecidas, chamam a atenção um relógio de mesa cravejado de diamantes, esmeraldas e rubis e uma escultura feita de ouro, prata e diamantes. Há também uma estatueta de falcão, lembrando a relíquia macabra do filme inspirado em Dashiell Hammett, com mulheres fatais, gângsteres e escroques.

 

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

''Acervo privado''.
Tá.