Folha de S. Paulo
Relógio com diamantes e escultura de ouro
estavam na fazenda de Piquet
Não somos criativos na hora de esconder dinheiro. Um dos lugares prediletos é a cueca, com três casos notórios: em 2005, um assessor do deputado José Guimarães foi preso no aeroporto de Congonhas com US$ 100 mil atochados na peça íntima, fora os R$ 209 mil que carregava na maleta de mão; em 2019, João Bosco, um ex-prefeito de Uiraúna (PB), foi flagrado malocando R$ 25 mil; em 2020, o senador Chico Rodrigues usou a cueca e as nádegas para acomodar R$ 30 mil.
Mochilas são óbvias. Daí que foram
utilizados guarda-roupas, meias e panelas. Em 2017, o então ministro Geddel
Vieira Lima destinou um apartamento em Salvador para abrigar R$ 51 milhões em caixas de papelão e malas de viagem.
Foi a maior apreensão em dinheiro vivo da história da Polícia Federal, que
demorou 14 horas para contar a bufunfa.
Com o empresário Murilo Nogueira Júnior,
suspeito de desvio de verba em compras superfaturadas de kits de robótica pelo
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, voltamos aos lugares manjados. A
PF encontrou, em endereço ligado a Nogueira, um cofre com R$ 4,4 milhões. Curioso é que, ao lado dos
pacotes de dinheiro, havia cartelas de Cialis, uma espécie de prima mais fogosa do
Viagra.
Ao lançar mão de uma fazenda em área nobre
de Brasília, Bolsonaro inovou. O imóvel, cujo proprietário é o ex-campeão de Fórmula 1 Nelson Piquet, fica a menos de 100
metros da entrada do condomínio onde mora atualmente o ex-presidente.
Para a fazenda foram enviadas 175 caixas
com mais de nove mil presentes recebidos por Bolsonaro, acervo privado que
está na mira da PF. Além das joias árabes já conhecidas, chamam a atenção um
relógio de mesa cravejado de diamantes, esmeraldas e rubis e uma escultura
feita de ouro, prata e diamantes. Há também uma estatueta de falcão, lembrando
a relíquia macabra do filme inspirado em Dashiell Hammett, com mulheres fatais,
gângsteres e escroques.
Um comentário:
''Acervo privado''.
Tá.
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