O Estado de S. Paulo
Mais do que executores, o Brasil exige um líder na linha de frente contra violência, dengue e covid
Jair Bolsonaro não foi culpado pelo início da
pandemia de covid, mas sim pela forma criminosa como atuou a favor do vírus e
contra vidas. Luiz Inácio Lula da Silva não é culpado pelas duas primeiras
fugas de uma penitenciária de segurança máxima, nem pela disparada da dengue,
nem pela volta preocupante da covid, mas ele tem de liderar a reação do governo
a tudo isso, para proteger a população e também para não ser acusado de descaso
e fortalecer o discurso da oposição bolsonarista.
As fugas de dois criminosos de altíssima periculosidade são um tanto absurdas, inacreditáveis, sem nenhum resquício hollywoodiano, como já aconteceu e como paira sobre o imaginário popular. “Uma série de coincidências negativas”, definiu Ricardo Lewandowski na sua primeira entrevista como ministro da Justiça. Mas alicate? Furar teto? Alambrado? E holofotes não funcionavam, as câmeras estavam desligadas? Que segurança máxima é essa?
A dengue já registra um recorde histórico. No
Brasil todo, já são em torno de 530 mil casos, 12 mil por dia, com 90 mortes
confirmadas, fora as não registradas. No Distrito Federal, sede dos três
Poderes, onde ficam Lula e seus ministros, já são 70 mil casos, 1.616% a mais
que no mesmo período de 2023, com 23 mortes. É uma epidemia, palavra muito
presente no mundo e num país que acaba de perder mais de 700 mil cidadãos para
a covid.
A dengue, aliás, ofusca a covid, que vai
voltando, se infiltrando e ameaçando, o que foi fortemente potencializado pelas
novas variantes e pelo carnaval, com suas aglomerações alegres e suadas, e vai
ser um novo desafio agora, com a volta real das aulas. Desde o início do ano, a
covid já matou 1.127 brasileiros. Você sabia? Pois é.
A dengue e a covid não são uma “gripezinha”,
podem matar. A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti e tem menor
letalidade (mata menos). A covid é transmitida pela pessoa contaminada, com
porcentual de mortes bem maior. A grande diferença é a vacina, sempre em
atualização para novas cepas da covid, mas que acaba de ser desenvolvida e
aprovada para a dengue. O efeito em massa demora.
Lewandowski troca a toga pelo dia a dia e a
ministra da Saúde, Nísia Trindade, uma técnica às voltas com o maior orçamento
da República e a gula do Centrão, faz o que pode contra a dengue e covid, mas o
Brasil exige um líder, um presidente com todas as planilhas e possibilidades à
mesa e que, mais do que se contrapor a Bolsonaro e enfrentar as versões
bolsonaristas, assuma a linha de frente para cuidar da saúde, segurança e
confiança da população. Além, óbvio, de salvar vidas.
Um comentário:
Não vi o Lula desdenhando nem da covid nem da dengue nem da vacina,comparação absurda!
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