Valor Econômico
Votação embolou o meio de campo dos nomes mais ávidos na busca pelo apoio do governo
A votação que manteve o deputado Chiquinho
Brazão (sem partido-RJ) na prisão fragilizou a candidatura do deputado Elmar
Nascimento (União-BA) à presidência da Câmara e embolou o meio de campo dos
três nomes mais ávidos na busca pelo apoio do governo: Antonio Brito (PSD-BA),
Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e Marcos Pereira (Republicanos-SP). Elmar liderou a
votação em defesa de Brazão, Brito e Bulhões votaram contra e Pereira se
ausentou.
Na contagem dos votos de cada partido, foi o PSD de Brito que saiu mais alinhado à tese vitoriosa, com 35 votos pela manutenção da prisão e apenas dois votos contrários. Foi seguido de perto pelo MDB de Bulhões, com 36 votos a seis. Ambos os partidos encaminharam a votação nesta direção. O Republicanos, de Pereira, liberou a bancada mas colheu 20 votos pela confirmação da prisão e oito contrários. Já o União só perdeu para o PL como o partido mais alinhado a Brazão, com 22 votos pela soltura e 16 contrários.
O erro de cálculo de Elmar foi apostar no
corporativismo da Casa num tema tão sensível à opinião pública como a morte de
Marielle Franco e Anderson Gomes. Expôs-se excessivamente, dificultou sua
aceitação pela base governista e tornou-o excessivamente dependente da
capacidade do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) de fazer seu
sucessor.
Não que Lira esteja completamente desprovido
de capacidade de arregimentação. A aprovação, na véspera, de um dispositivo que
permite ao governo antecipar a expansão do limite de gasto e liberar uma
despesa extra de R$ 15,7 bilhões é creditada à articulação do presidente da
Câmara. O governo cedeu em troca de um acordo para a votação do Perse, o
programa emergencial do setor de eventos, e da volta da cobrança do Dpvat,
seguro obrigatório de carro.
Na avaliação de lideranças tanto do PSD
quando do MDB, as concessões, excessivas, foram guiadas pela insegurança gerada
pela perda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não pelos
bons números colhidos recentemente pela economia, como uma inflação mais baixa
e um consumo das famílias melhor do que as expectativas.
Se a negociação da véspera levou o governo a
ceder mais do que precisaria na preservação do arcabouço fiscal, o sucesso de
Lira na articulação embaçou a percepção sobre as chances da disputa do dia
seguinte, a prisão de Brazão, e estreitou as chances de Elmar.
Já o PSD teve um desempenho convincente para
os governistas e espera ter um resultado nas eleições municipais que reforce a
demanda do partido pelo comando da mesa. Pesa contrariamente ao partido a força
excessiva que o presidente da legenda, Gilberto Kassab, teria se, além do
favoritismo de seu aliado, Davi Alcolumbre (União-AP), no Senado, arrebanhar
também a presidência da Câmara.
Se Lira não tiver força suficiente para fazer
de Elmar seu sucessor, ainda parece ter votos para barrar Isnaldo Bulhões, de
quem é adversário na política alagoana. O segundo nome mais palatável para o
presidente da Câmara é o do seu vice na atual composição da mesa, Marcos
Pereira.
A “bancada da milícia” como está sendo
chamado o conjunto de parlamentares que votou pela soltura de Brazão revelou
uma maciça presença de parlamentares da “bancada da bala”. Dos 12 parlamentares
que têm “delegado” ou “capitão” no nome adotado para fins eleitorais e
registraram presença, sete votaram pela soltura, um se ausentou, outro se
absteve e apenas três optaram pela permanência de Brazão na penitenciária
federal de Campo Grande.
A repercussão negativa do voto desses
parlamentares da “bancada da milícia” é o que move a sessão do Conselho de
Ética. Usada para tentar demover os adeptos da manutenção da prisão, com o
argumento de que é a Câmara e não o Supremo Tribunal Federal que cassa mandato
de seus pares, a cassação agora será agendada para limpar a barra desses
parlamentares junto à opinião pública.
2 comentários:
O Deputado Federal Isnaldo Bulhões MDB / AL .Alagoano ( Conflitos á vista : ( Fernando Collor, Os Calheiros, os Liras )
Um Giramundo como eu...
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