sábado, 6 de julho de 2024

Dora Kramer- Palanques à parte

Folha de S. Paulo

Governadores evitam atos federais para não colocar azeitona na empada de Lula

O chamamento à guerra foi feito pelo presidente Lula quando estabeleceu ligação direta entre as eleições de 2024 e 2026. As municipais serão um ensaio para as presidenciais, disse ele, contrariando a escrita dos inúmeros exemplos de que uma disputa não tem nada a ver com a outra.

A história mostra. Para citar apenas um, o PT foi um fiasco na disputa de 2020 e retomou a Presidência em 2022.

Desta vez, há de reconhecer, pode ser diferente. Não no cenário dos mais de 5.000 municípios, mas nas principais cidades e capitais.

Nelas, os adversários responderam de pronto à chamada e se armaram para a batalha na dinâmica de prévias. Verdade que a cigana não enganou ninguém.

Os partidos do centrão incorporados ao ministério em meados de 2023 sempre deixaram claro que uma coisa eram os assentos na Esplanada, outra bem diferente são os palanques país afora. Entraram no governo para garantir visibilidade e acesso à máquina do Estado.

Habitualmente é assim. E seria de novo, não fosse pelo caráter plebiscitário das disputas de outubro, evidenciada no esforço dos campos de Lula e Bolsonaro para forçar a nacionalização do pleito.

Em decorrência, governadores oposicionistas já apresentam suas postulações à Presidência e evitam comparecer a atos de "entregas" federais a fim de não fornecer azeitonas à empada de Lula.

Partidos formalmente integrantes da base governista se aliam a adversários do PT em boa parte das disputas municipais, na tentativa de tornar ainda mais desfavorável ao Planalto a correlação de forças na cena nacional.

Caso consigam, haverá um reposicionamento deles em 2025 com vista a 2026. E o que fará Lula? Demitirá os ministros? Se demitir, piora a situação no Congresso. Se não, conviverá em casa com a sombra de potenciais quintas-colunas.

O lance da antecipação pode não ter sido tão esperto quanto imaginou o presidente.

2 comentários:

ADEMAR AMANCIO disse...

Pode ser.

ADEMAR AMANCIO disse...

Lula precisa esquecer que Bolsonaro existe.