Folha de S. Paulo
Presidente cria ambiente de crise quando não
havia uma e chuta juros e dólar para cima
No dia 12 de março deste ano, a
taxa de juros de um ano baixara a 9,75%. Foi a menor desde 2021, em pleno
governo das trevas. O dólar custava
R$ 4,98. A taxa real de juros de um
ano estava na casa de 5,8% ao ano. Nas contas de "o mercado", o Banco Central levaria
a Selic até
9% no final deste 2024 e para 8,5% no final de 2025.
Nesta terça, taxa de juros de um ano subiu a
11,39%. A taxa real de juros de um ano, para 7,4%. Prevê-se Selic em 10,5% ou
mais até o final do ano. O
dólar anda em níveis inflacionários, triscando os R$ 5,70.
O que houve entre os quatro meses daquele março risonho e franco e este junho em que o país parece estar em crise? O outono quente e seco em São Paulo mexeu com os miolos dos mercadores e donos do dinheiro?
Na terceira eleição de Luiz Inácio Lula da
Silva, em outubro de 2022, havia um "clima de otimismo" na praça
financeira. "Clima de otimismo" é o nome fofinho, por assim dizer, de
expectativa de ganhar dinheiro. A inflação caía.
Parecia que Lula 3 não botaria fogo no
parquinho, no circo ou no hospício fiscal, o nome que se dê. Isto é, havia
expectativa de queda de juros, com o que seria possível embolsar um tutu bom.
Juros em queda quer dizer exatamente preços de título em alta (vendem-se os
papeis baratos, dos juros altos, e assim se ganha algum).
Mesmo com o plano fiscal de Lula 3, que daria
problemas mais adiante, fraco, mas passável, os donos do dinheiro estavam
tolerantes, mais do que seus economistas.
Houve outras ondinhas otimistas, em setembro
de 2023 ou até março deste 2024. Mas "deu ruim", como diz o povo, e
se perdeu dinheiro bom nestas reviravoltas.
Houve uns fatos da vida, em meados de abril:
mais importante, a perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos EUA,
sobre o que Lula 3 ou o presidente X nada poderiam fazer, e a mudança de metas
de redução de déficit do governo no Brasil, bem ruim, mas que ainda dava (ou
dá) para remendar.
Desde maio, pelo menos, o governo diz que há
uma conspiração de "o mercado". Mas por que teria havido mudança tão
grande de humor em dois meses, de março para maio? "Ah, o mercado não
gosta de Lula?". Não gostam, não gostavam e não gostarão. Difícil uma
constante explicar uma variável.
Fernando
Haddad falou de "fantasminhas" em maio, uma conspiração
rumorosa contra bons indicadores econômicos, segundo o ministro da Fazenda.
Na verdade, o caldo azedara mais um pouco em
relação a abril porque o Banco Central votara dividido, reforçando suspeitas de
que diretores lulianos do BC baixariam juros na marra e dane-se a inflação. A
suspeita é reforçada semanal ou diariamente por Lula, que diz de modo temerário
que, quando
tiver maioria no BC, a "filosofia" vai mudar.
Desde novembro de 2022, quando Lula soltou
uns rojões no parquinho, se observa que o presidente dá tiros no pé ou na testa
quando diz que vai fazer o que der na telha quanto a gastos. Basta ver o que se
passou com juros e dólar.
Faz duas semanas, Lula está em campanha
desvairada de tiroteio no pé. Desautoriza continuamente os planos de Haddad.
Chama seus adeptos para uma guerra santa contra o BC, ricaços etc. Apela ainda
mais a demagogias, quando diz que há centenas de bilhões de benefícios
tributários e financeiros para empresas e ricos, boa parte das quais foram
concedidas por governos petistas e ainda o são, agora, por ele mesmo (que quer
conceder ainda mais).
Pior de tudo, nada disso trata dos problemas
maiores de crescimento de médio e longo prazo. Enfim, não havia motivo para
tamanho desarranjo, apesar do vento ruim que vem dos EUA.
O país vinha em crescimentozinho melhor;
ainda dá até para colocar uns esparadrapos na situação fiscal ruim. Qual o
motivo de tamanha burrice?
2 comentários:
O Lula é assim sempre será , vocês é que criaram ilusão , talvez por Otimismo exagerado e interesses outros
Infelizmente arrastaram a nação toda para esse desastre
E agora fica aí nesse Chororo, votou no PT o pacote é completo
Jesus!
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