Folha de S. Paulo
Preparativos de ruptura e instalação de
regime de exceção foram uma operação essencialmente militar
O planejamento de um golpe para manter Jair
Bolsonaro no cargo foi uma operação essencialmente militar.
Integrantes das Forças
Armadas fizeram preparativos para anular as eleições,
sequestrar autoridades e assassinar o futuro presidente. Armaram a instalação
de um regime de exceção que seria controlado pelos generais que haviam
patrocinado a ascensão do capitão em 2018.
As investigações reveladas nesta terça (19) são mais uma prova de que o envolvimento de militares na trama do golpe jamais foi um fato isolado. O plano tinha a participação de integrantes das Forças Especiais do Exército. As ideias eram discutidas com generais influentes e foram levadas para dentro do Palácio da Alvorada.
As mensagens obtidas pela Polícia Federal
mostram que o general da reserva Mario Fernandes organizou uma operação
clandestina para consumar o golpe. A ação envolvia o monitoramento de alvos, o
uso de um lançador de granadas e até o
envenenamento de Lula e Alexandre de Moraes. Segundo os
investigadores, ele levou o plano ao Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro estava
entocado.
A PF também aponta que um grupo de
"kids pretos", militares de elite que seriam responsáveis
pela execução dos crimes, se reuniu na casa do general Braga Netto em 12 de
dezembro de 2022. Três dias depois, eles prepararam uma tocaia para uma
provável prisão ilegal de Moraes.
O plano do golpe vestia farda dos pés à
cabeça. Depois da operação, Bolsonaro deveria criar um gabinete de crise que
seria comandado pelos generais Braga Netto e
Augusto Heleno, com a participação de outros militares.
Segundo documentos dos golpistas, o arcabouço
jurídico desse período de exceção seria elaborado pelo Superior Tribunal
Militar, e as Forças Armadas participariam da organização de novas eleições. O
STM divulgou uma nota em que rejeita a hipótese de envolvimento na empreitada.
A tentativa de ruptura nunca foi apenas um
sonho pessoal de Bolsonaro, seguido de forma obediente por seus aliados na
caserna. Os fardados que estiveram no poder durante o mandato do ex-presidente
tinham seus próprios interesses. Não é difícil imaginar quem exerceria
autoridade dentro de um regime iniciado por um golpe militar.
2 comentários:
Bolsonaro levou a política pra dentro das Forças Armadas, estimulou ao máximo a politização dos militares, esperando contar com o apoio deles pro golpe militar que planejou desde o início do seu mandato. Agora, seus filhos dizem que esta tentativa de assassinatos nem deveria ser investigada!!! Quando se acha que os bolsonaristas já mostraram o pior (apoio a torturas, roubo de joias, apoio a golpe militar, etc.), os canalhas conseguem NORMALIZAR tentativa de assassinato de adversários políticos!!! Sempre com militares golpistas envolvidos e apoiando o GENOCIDA!!
Daqui mais um tempo a narrativa será construída nas redes sociais para demonstrar que este golpe tinha a mentoria dos comunistas e de áreas radicais do PT
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