O Globo
A campanha publicitária encomendada pelo
governo Lula para
defender o Pix,
que vai ao ar nos próximos dias, vai mirar especificamente o segmento do
eleitorado que mais sentiu o impacto das mudanças na fiscalização de
transferências a partir de R$ 5 mil e da forte campanha da oposição contra
elas: os trabalhadores autônomos, empreendedores e informais.
Fontes que tiveram acesso às discussões com
as agências afirmam que o material será protagonizado por pessoas com esse
perfil. A ideia é aproveitar o pretexto de defender a confiabilidade do Pix
para começar a colocar em prática uma estratégia de aproximação com esse
segmento do eleitorado.
Além de ser tradicionalmente desconfiado do governo, esse público foi o mais impactado pelo vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) – que sugeriu, num vídeo que teve 324 milhões de visualizações, que a gestão Lula pretendia usar as informações sobre a movimentação para cobrar mais impostos e penalizar ainda mais os informais.
Levantamentos internos mostram que foi grande
o estrago sobre a imagem do governo nesse contingente, que já votou em massa
contra os candidatos do governo nas últimas eleições municipais.
De acordo com interlocutores do novo ministro
da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, a má condução do debate
público sobre o Pix e o recuo nas medidas que previam a fiscalização de
movimentações acima de R$ 5 mil reforçaram a percepção de que, para o governo
Lula, autônomos, empreendedores e informais são trabalhadores de segunda
classe.
Sondagens internas mostram que a posição do
governo em discussões como a da regulamentação de aplicativos ou da volta do
imposto sindical forjaram essa percepção, que pode ser fatal para Lula na
disputa presidencial de 2026.
A campanha do Pix será apenas o primeiro
passo na estratégia de reconquistar esse eleitorado, majoritariamente urbano e
morador das periferias. Lula já tocou no assunto durante a reunião ministerial
de segunda, dizendo que o governo precisava se aproximar dos empreendedores e
falar com as pessoas nas ruas.
Se o valor da campanha servir de indicativo
da vontade do governo de mudar de rumo, pode-se concluir que é uma prioridade.
De acordo com o colunista Lauro Jardim, são R$ 50 milhões, valor considerado
alto pelos padrões do mercado.
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