BRASÍLIA - As informações que vêm do meio médico são as melhores, dentro do possível: Dilma Rousseff tem 90% de chances, ou mais, de ficar curada do câncer linfático. Isso não só é provável como acontece aos milhões mundo afora.
Quem não conhece montes de pessoas que têm ou tiveram câncer e vivem a vida normalmente?Os 10% de chance de algum tipo de complicação, porém, atiçam articulações políticas movidas por desejos ocultos, próprios da alma humana. Como se a polaridade Serra versus Dilma evaporasse da noite para o dia. A cada declaração formal, minimizando a doença, vem sempre um acréscimo sobre a "necessidade" de um "Plano B", o que deixa uns governistas aflitos, outros com apetite.
A palavra de ordem de Lula é "nada muda". A da oposição é que "ela vai sair dessa". Mas todos sabem que tudo depende de como Dilma vai atravessar o duro teste da quimioterapia, a cada três semanas, por quatro meses, com um outro prazo pairando no ar: certezas, só depois de cinco anos. O linfoma foi descoberto muito precocemente, dizem uns médicos. Mas é do tipo agressivo, ressalvam outros.
A prioridade de Dilma, mulher guerreira e cheia de horizontes, deve ser a de qualquer pessoa: tratar-se e curar-se. Enquanto isso, Lula cuidará de segurar as rédeas do processo sucessório, com uma desvantagem que ele rapidamente transformará em vantagem: até agora, ou é Dilma ou é Dilma, não há outro. E ele decide. Foi Lula quem sacou a candidatura Dilma, quem vai segurá-la até o limite e, caso realmente seja necessário, quem apontará o Plano B. Mais uma vez, o PT e os aliados vão acatar e seguir.
Ou seja: há uma divisão de tarefas. Lula trata da estratégia e de conter o apetite dos aliados. Dilma combate o câncer e o medo do eleitorado, pois uma natural solidariedade não se converte automaticamente em votos em 2010. São imensos desafios.
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