terça-feira, 28 de abril de 2009

PMDB tenta ganhar força diante da incerteza no cenário eleitoral

Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut
DEU EM O GLOBO

Petistas admitem dificuldade de aliança e falam com cautela da escolha do vice

BRASÍLIA. Os principais partidos da base parlamentar governista, especialmente o PMDB, consideram que o clima de incerteza e paralisia nas articulações para a sucessão presidencial de 2010, por causa do tratamento de saúde da ministra Dilma Rousseff, criará mais um problema na aliança com o PT.

Avaliação reservada de caciques peemedebistas é que o partido ganha uma posição de força na negociação com os petistas diante das mudanças no xadrez político.

Lideranças peemedebistas ouvidas ontem pelo GLOBO reforçaram que, diante desse quadro de imprevisibilidade, o PMDB deve ganhar mais relevância.

Antes mesmo da divulgação de que Dilma faria tratamento de saúde, já havia grande dificuldade para a montagem de palanques entre PT e PMDB em estados importantes como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e Pará. Por outro lado, dirigentes petistas afirmam que o partido também será mais cauteloso na formação de uma aliança nacional com o PMDB.

Temer diz ter confiança na recuperação da ministra

Ontem, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou que a ministra Dilma continua candidata, e que não há necessidade de um “plano B”. Ele disse que o PMDB só vai discutir sua posição (oficialmente) na sucessão presidencial de 2010 no final do ano. Na opinião de Temer, este não é o momento de discutir questões eleitorais, mas sim de tratar da recuperação da ministra.

— Não considero gravíssima (a situação da saúde de Dilma). Pelo depoimento dos médicos a chance de recuperação é de mais de 90%. Em pouquíssimo tempo a ministra estará inteiramente curada e, como sempre, candidata.

Não acho prudente ter um plano B. Acho que deve prosseguir no plano A — disse Temer.

Aumenta pressão sobre o PT nos estados

Nos bastidores, os próprios petistas admitem que o clima de incerteza dificulta o fechamento de alianças. De forma muito discreta, afirmam que o debate sobre a escolha do candidato a vice na chapa passou a ganhar maior relevância.

Nesse caso, observam integrantes da Executiva Nacional do PT, será preciso uma cautela redobrada.

— Se essa aliança (PTPMDB) já tinha problemas, imagina agora. Surgiram dificuldades adicionais. Esse quadro, que já era complicado, ficou ainda pior. Tudo está paralisado. Agora, uma coisa é certa: o PMDB ganha ainda mais relevância. E a discussão sobre o vice ganha nova dimensão — disse um peemedebista com trânsito no gabinete de Lula.

Antes do diagnóstico do linfoma, a avaliação no núcleo do governo era de que Dilma precisava decolar e superar a casa dos 20% nas pesquisas até o final do ano.

Mas a percepção hoje é que o quadro político se tornou ainda mais difícil, porque não são poucos os problemas para a formação de palanques fortes nos estados.

Existe uma pressão, cada vez maior, para que o PT abra mão de candidaturas próprias em favor do PMDB ou aliados. É o caso, por exemplo, do Rio de Janeiro e de outros estados do Sul.

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