quarta-feira, 20 de maio de 2009

Fundo de pensão do BB atuou para a união

Pedro SoaresDa Sucursal do Rio
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Uma das mentoras da estratégia de unir as gigantes Perdigão e Sadia numa só empresa, a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) está presente atualmente no capital de um grande número de empresas líderes em seus setores.

E em parte delas participa ativamente da gestão das companhias, como Vale, CPFL Energia, Oi (resultante da fusão com a BrT) e agora na recém-criada BRF (Brasil Foods).A Previ, apurou a Folha, estava numa situação desconfortável na Sadia. Tinha 7,3% no capital, mas não tinha presença no bloco de controle.

O fundo viu na crise que abateu a Sadia -combalida pelas aplicações em derivativos que geraram prejuízo bilionário- uma oportunidade de estar no comando de uma nova megaempresa do setor de alimentos resultante da fusão. Isso porque na Perdigão o fundo já era um dos controladores, com 14,1% do capital total.

Foi uma lógica parecida que moveu a Previ em costurar acordo com os sócios privados da Oi e da Brasil Telecom, o BNDES e os demais fundos de pensão que tinham participação nas empresas -Petros e Funcef. Após a fusão, os fundos de pensão e o BNDES ficaram com 49,9% da nova empresa e participam das decisões.

Um especialista que preferiu o anonimato diz que a Previ, em alguns casos, mantém ou faz determinados investimentos para atender a interesses do governo. Ele cita o próprio caso da Oi, já que era vontade declarada do governo manter sob o controle nacional uma tele e fortalecê-la diante de uma possível ameaça de aquisição por um grupo estrangeiro.

De um certo modo, diz, também é o caso da Vale, na qual a Previ é a maior acionista, indica o presidente do conselho e influencia algumas decisões estratégicas da empresa.Não que as empresas não sejam bons investimentos para o fundo, diz o especialista, mas muitas vezes a Previ poderia diversificar mais seu portfólio e reduzir a participação em algumas empresas -desse modo, o risco também é menor.

Procurada, a Previ informou que nenhum diretor estava disponível nem respondeu aos questionamentos da reportagem enviados por e-mail.

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