terça-feira, 9 de junho de 2009

Serra acerta aliança com DEM na Bahia

CATIA SEABRA
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Tucanos firmaram apoio à candidatura de Paulo Souto (DEM); partidos não formalizam coligação no Estado desde 1998

"É uma sinalização de que estamos juntos no país", diz o democrata Rodrigo Maia; presidente do PSDB no Estado vai anunciar acerto

Dedicado à montagem de palanques sólidos no Nordeste, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), patrocinou ontem a reedição da aliança entre DEM e PSDB na Bahia. Rivais no Estado, tucanos e democratas não formalizam uma coligação desde 1998.

Pelo acordo -sacramentado na tarde de ontem, no gabinete de Serra-, o ex-governador Paulo Souto (DEM) será o candidato da aliança no Estado.

"Souto é o nosso candidato", disse o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), avalista do acordo.

Segundo o presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia (RJ), Serra afirmou que "Souto será o condutor do processo eleitoral no Estado".

A aliança será formalmente anunciada na segunda-feira que vem em Salvador. No ato, Souto representará o DEM ao lado do presidente do PSDB, Antônio Imbassahy.

O evento será ainda a comprovação de que, pela manutenção da aliança, os tucanos desistiram da ideia de levar Souto para o partido.

Ao dar uma demonstração de que trabalha pela candidatura, Serra tenta aplacar a ansiedade dos democratas para que antecipe a campanha eleitoral.

Além disso, deixa claro o esforço para consolidação de palanques confortáveis na região em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exibe fôlego.

"É uma sinalização para o resto do país, de que estamos trabalhando juntos", afirmou o democrata Rodrigo Maia.

A pedido de Serra, Guerra trabalhará para desatar outros nós, como o do Estado de Sergipe. Lá, o PSDB flerta com o PT.

Serra -que deverá viajar na sexta-feira para Pernambuco- preferiu, no entanto, faltar ao seminário organizado pelo DEM para discussão da crise mundial sob o argumento de que a agenda estava lotada.

No evento, foi representado pelo vice Alberto Goldman. Antes do seminário, democratas manifestavam inquietação quanto à indefinição do PSDB.

Num pequeno grupo repleto de simpatizantes da candidatura do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a avaliação era a de que, ao postergar a campanha, Serra torna inevitável uma disputa no PSDB.

Além de democratas, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire (PE), manifestou sua preocupação diretamente a Serra. "Ele me disse que está no tempo certo", contou Freire.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que "não é o momento de ficar aflito por causa da campanha". Segundo ele, não se pode cobrar que governadores tucanos entrem em campanha.

"É uma situação difícil", reconheceu FHC. "Não se pode pedir a um governador que não trabalhe pelo seu povo para fazer campanha."

Segundo tucanos, Serra repete que não pretende confrontar Aécio neste momento.

Governo Lula parece estar no automático, diz FHC

O ex-presidente disse ontem que "o presidente Lula parece que botou o [governo] no piloto automático". Daí a desenvoltura em se dedicar à campanha. Pregando mais controle de gastos, FHC disse que receia que "o governo atual esteja jogando tudo isso para o próximo". À saída de um seminário promovido pelo DEM sobre crise, ele disse não debitar a queda do PIB na conta do governo.

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