DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
José Serra e Aécio Neves já rodam o país como pré-candidatos ao Palácio do Planalto. Indecisão do partido, porém, os impede de bater de frente com a ministra Dilma Rousseff, favorita de Lula
Tiago Pariz
José Serra e Aécio Neves já rodam o país como pré-candidatos ao Palácio do Planalto. Indecisão do partido, porém, os impede de bater de frente com a ministra Dilma Rousseff, favorita de Lula
Tiago Pariz
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ainda não saiu da toca para se assumir oficialmente como pré-candidato ao Palácio do Planalto, mas tem intensificado sua agenda de andanças pelo Brasil. Depois de passar por Fortaleza para discursar para uma plateia de empresários, o governador irá ao Piauí no próximo fim da semana para participar de um encontro político. Além da maior exposição de Serra, o PSDB prepara uma ofensiva cujo alvo são os aliados regionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A visita de Serra ao Piauí será um ato combinado com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), também cotado para representar o partido na eleições 2010. O paulista vai na sexta e o mineiro no sábado. O objetivo dos dois é o mesmo: participar de discussões sobre a situação tucana no estado.
Serra demonstra estar cedendo aos apelos de seus aliados por mais exposição. Intensificou a agenda midiática, concedendo uma série de entrevistas a rádios e emissoras de televisão populares e planeja mais viagens pelo país. No PSDB e no DEM, todos estão ansiosos para equiparar o jogo com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que conta com o apoio declarado do presidente Lula para sucedê-lo.
Estratégia adiada
Embora os tucanos minimizem o crescimento de Dilma nas pesquisas mais recentes, há um entendimento de que não devem deixá-la sem oponentes, falando sozinha aos brasileiros. O problema é que nem Serra nem Aécio colocaram em prática uma agenda de interação com potenciais eleitores. O plano seria visitar localidades carentes do país — onde Lula goza de notório prestígio — e se oferecer como opção, minando a simpatia inercial do eleitorado pela favorita do presidente.
A ideia, porém, continua em banho-maria. E, diante do prazo exíguo para definir os pré-candidatos, é possível que jamais saia do papel. Aécio Neves já comunicou à cúpula do PSDB que se lançará ao Senado em janeiro próximo caso o impasse permaneça. Serra, por sua vez, insiste em fechar a questão somente em março.
Na última sexta-feira, o governador paulista concedeu entrevista para uma rede de televisão de Fortaleza e palestrou para empresários e profissionais liberais a convite do Centro Industrial do Ceará (CIC). Em paralelo à agenda de um candidato não assumido, o PSDB quer firmar uma estratégia de contra-ataque. Ou seja, vai trabalhar para roubar aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva país afora. O primeiro passo é no Pará, estado considerado importante para a solução do conflito interno entre tucanos. Com uma solução que aponta para o lançamento da candidatura de Simão Jatene ao governo local, a cúpula do PSDB quer negociar com o PR e com o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA).
O Pará é considerado um estado crucial também para o sucesso da aliança do PT com o PMDB. Nesta semana, Barbalho e a governadora paraense Ana Júlia Carepa deverão se sentar à mesa para discutir uma saída a contento. A chave para o peemedebista aderir à aliança nacional passa pelo tamanho que ele terá em um eventual governo petista. --> --> --> --> -->
PT lucra com inércia
Com uma situação pouco confortável na disputa por São Paulo, o PT tenta jogar no colo do governador José Serra (PSDB) a responsabilidade por acelerar a disputa local. Os petistas avaliam que a indefinição tucana no estado os ajuda a ganhar tempo em sua disputa interna.
O PSDB tem dois nomes que podem disputar o Palácio dos Bandeirantes. O ex-governador Geraldo Alckmin, atual secretário de Desenvolvimento, e o chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira.
Apesar de as pesquisas de intenção de votos colocarem Alckmin na dianteira folgada, há uma evidente disputa interna que pode ser explorada pelos petistas — o partido aposta que a paralisia tucana é parecida com a que o próprio PT enfrenta para escolher quem será o candidato da oposição no estado.
O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem como pré-candidatos o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, o ministro da Educação, Fernando Haddad, e o prefeito de Osasco, Emídio de Souza. Correndo por fora, aparecem o deputado Arlindo Chinaglia e o senador Eduardo Suplicy. Não bastasse a penca de candidatos, há ainda um debate sobre a viabilidade do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) no estado. “Se o PSDB já tivesse escolhido o seu candidato, nossa situação estaria muito ruim, mas como eles também estão mais ou menos paralisados, estamos mais tranquilos”, disse um petista.
O PT tem trabalhado com o mesmo tempo de Serra para o estado. A definição do candidato sairá somente no fim do primeiro trimestre do ano que vem. Lula gostaria que o partido apoiasse Ciro, mas isso ainda depende de uma composição interna e com os aliados. Os petistas também tentam vender a imagem que estão mais avançados nas alianças eleitorais, lembrando a toda hora que têm pacto com PDT, PSB, PSL, PSC, PRB, PTN e PCdoB para lançar um único candidato de oposição ao PSDB no estado. (TP)
E EU COM ISSO
A intensificação da agenda dos dois pré-candidatos do PSDB à Presidência da República em 2010 é uma resposta à estratégia petista de superexpor a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Se o PSDB entrar de cabeça no jogo proposto pelo PT, o clima de campanha será antecipado e pegará fogo sete meses antes do prazo oficial para a eleição.
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