quarta-feira, 9 de junho de 2010

Cresce risco de debandada

DEU NO ESTADO DE MINAS

PSB, PRB e PDT estariam deixando o barco da base aliada do presidente Lula. O destino deverá ser a campanha do tucano Antonio Anastasia à reeleição ao Palácio da Liberdade

Leonardo Augusto

O acordo entre os dois principais partidos da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PMDB e PT, para o lançamento de Hélio Costa (PMDB) como candidato ao governo de Minas pode provocar uma debandada de legendas que, por também darem sustentação ao Palácio do Planalto, tenderiam a participar da aliança entre peemedebistas e petistas no estado.

No grupo dos que podem pular do barco, que começou a ser construído pelo PMDB e PT, para a disputa pelo Palácio da Liberdade, está o PSB. A principal liderança do partido em Minas, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, afirmou ontem que existe a possibilidade de apoio à reeleição do governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB). Ressaltou, no entanto, que a decisão caberá aos filiados. O partido realiza convenção no dia 19.

A cúpula da legenda, porém, se reúne hoje para começar a moldar a posição que adotará nas eleições de outubro. Lacerda mantém conversas com o ex-governador Aécio Neves (PSDB) e com o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT), que disputava com Costa a indicação para a candidatura ao Palácio da Liberdade. Os dois apoiaram Lacerda nas eleições para a prefeitura, em 2008.

Dentro do partido, a avaliação é de que, como o escolhido não foi o aliado Pimentel, o caminho está aberto para abraçar a candidatura do outro amigo, Aécio, principal cabo eleitoral de Anastasia. Segundo o líder do PSB na Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte, Alexandre Gomes, dificilmente o partido deixará de apoiar Anastasia depois que Costa, e não Pimentel, foi escolhido como o candidato da base de Lula em Minas ao Palácio da Liberdade. “O próprio prefeito já havia dito que, se fosse Pimentel, ficaria em posição difícil. Agora, o PSB fica à vontade para apoiar Anastasia, até porque é um candidato que tem um boa parceria com a prefeitura”, analisou.

O vereador disse ainda que o partido poderá negociar com o PSDB a indicação do ex-embaixador do Brasil em Cuba Tilden Santiago (PSB) como vice-governador. “Abre espaço importante de uma visão mais progressista, mais moderna”, avaliou o parlamentar.

O PRB, partido do vice-presidente da República, José Alencar, também pode migrar para o lado contrário ao dos partidos que dão sustentação a Lula. Pelo menos é o que afirma o presidente da legenda em Minas, Rogério Colombini. “Nós queremos participar da chapa proporcional. Caso isso não seja possível com PT e PMDB, nos aliaremos ao Anastasia já na semana que vem”, ameaçou o dirigente. Conforme Colombini, negociações nesse sentido estão em andamento entre PRB e PSDB. Sobre a aliança nacional com a base de Lula, o presidente estadual do PRB disse haver muito “ranço” na base, o que facilitaria a união aos tucanos em Minas. “Por que não apoiaram o Crivella (senador Marcelo Crivella) para a disputa ao governo do Rio de Janeiro?”, reclamou.

Enquanto PSB e PRB ainda decidem se vão ou se ficam, o PDT , que comanda o Ministério do Trabalho, já deixou claro que o destino em Minas é a campanha de Anastasia. “Este é o espírito interno no partido. Estamos no governo (de Aécio Neves e agora de Anastasia) desde o início. Não vai ser agora, de repente, por uma questão ou outra, que vamos mudar”, afirma o secretário de estado de Reforma Agrária, Manoel Costa, vice-presidente do PDT em Minas.

Conforme o secretário, o fato de o partido ter o Ministério do Trabalho, que tem o presidente nacional do partido, Carlos Luppi, no comando, não vai influenciar no caminho que o PDT pretende tomar em Minas. “Mesmo com o presidente nacional com motivação para apoiar o candidato do PMDB e PT, por ser ministro de Lula, isso não vai predominar em Minas. É o que sinto, principalmente, em relação a prefeitos e parlamentares do PDT no estado”, argumenta o secretário.

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