terça-feira, 15 de março de 2011

DEM troca comando, e Kassab discute futuro

Acordo é eleger José Agripino; Kassab conversa com integrantes do partido sobre possível saída

Gerson Camarotti e Flávio Freire


BRASÍLIA e SÃO PAULO. Depois de meses de disputa entre os grupos do ex-senador e ex-presidente da legenda Jorge Bornhausen (SC) e do atual presidente, deputado Rodrigo Maia (RJ), o DEM conseguiu evitar a implosão da sigla, com o acordo para a convenção de hoje. Mas integrantes do DEM reconhecem que essa é a crise mais grave já enfrentada pelo partido desde que o PDS rachou e foi criado o PFL, no início dos anos 80. Uma das estrelas do partido, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, não decidiu se participará da convenção, mas vai se reunir com integrantes do DEM para discutir seu futuro político - a possível criação de um novo partido.

Mesmo com o acordo interno para a eleição, hoje, do senador José Agripino Maia (RN) como o novo presidente, o DEM ainda tem um longo caminho para reafirmar sua identidade como partido de oposição. Houve grande esforço para a construção de uma chapa única da nova Executiva Nacional e para evitar disputa na convenção extraordinária que acontece hoje. Mas o partido continua rachado e com expectativas negativas por causa da provável debandada liderada pelo prefeito de São Paulo.

O principal desafio do DEM é tentar manter suas bancadas na Câmara e no Senado. O grupo liderado por Kassab busca uma solução jurídica para abandonar do DEM e fundar uma nova legenda com o menor risco possível para a perda de mandatos por infidelidade. O DEM teme uma saída em massa, mas aposta nas dificuldades de Kassab para legitimar um novo partido.

- Não se cria um partido da noite para o dia. Kassab terá muitos problemas para operacionalizar esse projeto. Isso deixará sequelas no DEM. Mas Agripino assume com o objetivo de buscar uma conciliação - afirma o presidente do Instituto Tancredo Neves, o ex-deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).

Sequer oficializada, a criação do novo partido de Kassab já cria divergências entre futuros possíveis integrantes da sigla. O vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos (DEM), disse ontem que está disposto a integrá-la, desde que não vire um caminho para "desvios eleitorais":

- A tese de um partido novo é justamente para que todos possam participar. Todo mundo fala de 2014, mas 2012 está aí. Se é partido novo, é um partido para disputar eleições, e não apenas para fazer desvio eleitoral.

O novo partido teria sido a forma encontrada por Kassab para driblar regras que impõem fidelidade partidária.

Afif afirma que a nova legenda tem encontrado resistência dos que, como ele, têm perfil de candidato.

FONTE: O GLOBO

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