sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Aécio domina documentário sobre a história de Tancredo

Bernardo Mello Franco

SÃO PAULO - O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato ao Planalto em 2014, é o centro das atenções de um novo documentário que conta a trajetória política do presidente Tancredo Neves (1910-1985).

Ele ocupa quase seis minutos de "Tancredo, a travessia", dirigido pelo cineasta Silvio Tendler. A Folha assistiu à edição final do filme, que terá pré-estreias em quatro capitais na semana que vem. O tucano confirmou presença em todas as exibições.

Aécio era secretário particular do avô e tinha 25 anos quando ele morreu, sem conseguir tomar posse. Mesmo assim, aparece mais que políticos já influentes na época, como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, que assumiu em seu lugar.

O senador é recordista de participações ao longo do filme: 13 falas, fora as cenas em que surge em segundo plano ou em fotografias em preto e branco abraçado ao avô.

Num trecho, é convidado a analisar a derrota de Tancredo para Magalhães Pinto na disputa pelo governo de Minas, em 1960. Aécio era um bebê de sete meses quando a eleição foi realizada.

O documentário infla o papel de Tancredo em alguns momentos da história, como a crise que sucedeu à renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961. O mineiro é apresentado como o negociador que "impediu a guerra civil" e garantiu a posse do vice-presidente João Goulart.

A narrativa ignora a resistência organizada pelo então governador gaúcho Leonel Brizola, apontado na maioria dos livros como o verdadeiro responsável por evitar um golpe militar contra Goulart.

No episódio do suicídio do presidente Getúlio Vargas, em 1954, atores encenam sua última reunião no Catete. Tancredo, ministro da Justiça, sobressai ao enquadrar os colegas militares e conclamar toda a equipe a "morrer em defesa de uma causa justa".

Os melhores momentos do filme são as imagens de arquivo, incluindo a cena em que o presidente João Figueiredo se deixa filmar no hospital, de roupão, ligando para parabenizar Tancredo pela vitória no colégio eleitoral -algo impensável hoje, na era do marketing político.

Ainda emocionam as imagens da votação da emenda das diretas e do adeus popular ao presidente que foi sem nunca ter sido.

Tendler foi localizado ontem, mas disse que estava no avião e não podia falar. Em outra ocasião, afirmou que Aécio não interferiu no filme.

O produtor Roberto D"Ávila disse que Aécio é herdeiro político de Tancredo e que sua participação é "mais emocional do que política". "A família não teve interferência nenhuma na produção. Não é um filme chapa-branca."

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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