terça-feira, 18 de outubro de 2011

Funcionários da Infraero vão parar contra privatização de aeroportos

Guarulhos, Congonhas e Brasília aprovam greve na quinta e sexta-feiras

Geralda Doca, Paulo Justus e Mariana Durão

BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO. O Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), ligado à CUT, promete parar nas próximas quinta e sexta-feiras os empregados da Infraero em Guarulhos, Brasília e Viracopos (Campinas), em protesto contra a privatização dos três terminais. A decisão foi tomada em assembleias em Brasília e Guarulhos. Hoje votam os trabalhadores de Viracopos. Embora não esteja na primeira leva de concessões, os servidores de Congonhas decidiram apoiar o movimento, segundo o Sina.

- A presidente Dilma está se achando superior ao movimento sindical. Queremos mostrar para o governo que temos força - disse o diretor jurídico do Sina, Ademir Lima de Oliveira.

O Sina vai buscar a adesão dos cerca de cinco mil funcionários da estatal que trabalham nos terminais, disse o presidente da entidade, Francisco Lemos. Eles atuam na sinalização de pátio e pista, pontes de embarque, no sistema de programação e nas torres de controle de Guarulhos e Viracopos. Em Brasília, isso é feito pela Aeronáutica.

O objetivo da greve, segundo Lemos, é chamar a atenção da população para os riscos do processo de concessão elaborado pelo governo e em análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que permite ao concessionário assumir toda a gestão do aeroporto. A categoria também teme demissões.

- É um risco para a segurança privatizar a atividade fim da Infraero. As empresas que ganharem o leilão vão terceirizar essas funções, como aconteceu com o setor elétrico - disse Lemos, defendendo que a Infraero permaneça com as áreas operacionais dos aeroportos.

Os aeroportuários da Infraero prometem paralisar pousos e decolagens nos três aeroportos que integram o programa de concessão: Brasília, Guarulhos e Viracopos.

Empresas aéreas temem reflexos no resto do país

As companhias aéreas estão preocupadas com os reflexos da paralisação no restante da malha do país. O diretor técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), Ronaldo Jenkins, teme atrasos e cancelamentos.

- Quinze minutos de paralisação já bastam para causar transtornos, imagine dois dias - disse Jenkins, acrescentando que o Snea aguarda um comunicado oficial da Infraero sobre a greve e um plano para enfrentá-la.

O Superintendente de Gestão Operacional da Infraero, Marçal Goulart, disse que o plano está pronto e prevê 70 funcionários de prontidão nos terminais. Também foi pedido reforço às polícias Civil, Militar e Federal para garantir o acesso dos usuários e uma manifestação pacífica.

- Quem tem passagem comprada para esses dias pode ficar tranquilo porque vamos garantir o funcionamento das atividades essenciais - disse Goulart.

Vão cruzar os braços, por exemplo, os funcionários que prestam informações aos passageiros nos terminais. A Infraero ainda vai decidir o tratamento a ser dado a quem faltar ao trabalho, mas não acredita que seus controladores de voo vão aderir ao movimento.

O Ministério Público Federal solicitou à Secretaria de Aviação Civil (SAC) o envio de documentos e do edital que detalha o modelo de concessão dos terminais. A SAC tem até amanhã para responder ao ofício, enviado em 4 de outubro pelo Grupo de Trabalho de Transportes da Procuradoria Geral da República. O MPF quer avaliar se o modelo de privatização proposto atende aos interesses do consumidor e resguarda o patrimônio público.

Segundo o procurador da República Thiago Lacerda Nobre, o MPF não deve questionar a concessão, e sim a cobrança de taxas que possam ser repassadas ao consumidor e obras consideradas ineficazes para solucionar gargalos nos aeroportos.

FONTE: O GLOBO

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