terça-feira, 18 de outubro de 2011

Jogo que segue:: Janio de Freitas

Dilma vive uma experiência talvez única -ainda no 1º ano de mandato, faz uma reforma ministerial forçada

Antonio Palocci, Nelson Jobim, Alfredo Nascimento, Orlando Silva -todos indicações de Lula para o ministério de Dilma Rousseff. Uma seleção, cada qual com seu estilo, como é próprio das seleções e, no caso, também do que o selecionador já mostrara preferir para a principal equipe do país.

Dilma Rousseff vive uma experiência talvez única por aqui. Ainda no decorrer do primeiro ano de mandato, faz uma reforma ministerial forçada e não por injunções políticas, razão comum a tais reformas, nem de eficiência governamental.

Orlando Silva (ainda) não está incluído na reforma. Está previsto que logo mais dê explicações à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Sobre as acusações que lhe faz um PM metido em transações com o Ministério do Esporte, já se sabe o que dirá: o óbvio.

Nenhum ministro é culpado. O que ocorre com certa frequência, é ser um deles vítima de calúnia, injúria, difamação. Um deles, bem entendido, atrás do outro. E seguido por outro. Há muita gente de más intenções, mesmo.

Já que Orlando Silva é o nome da vez, vale a pena fazê-lo prestar o serviço, se não for demais, de proporcionar uma ocasião propícia.

Por exemplo, para lembrar que até hoje não se sabe o que é feito na área de esporte, pelo governo, a ponto de justificar um ministério.

Se vêm por aí uma Copa do Mundo e uma Olimpíada, não haveria melhor justificativa, a encontrar uma afinal, para ver-se o Ministério do Esporte em atividade.

Não. Cada um dos eventos foi entregue à cartolagem de incontáveis comitês, "Autoridade Olímpica", CBF, comissões, confederações e federações, governadores e prefeitos, dirigentes de clubes e respectivos estádios. E, em qualquer instância e circunstância, diretores de empreiteiras.

O esporte em geral tornou-se um mundo de grandes negócios. Movimenta transações incontáveis com valores petrolíferos, em um espaço subterrâneo, sem fiscalização, de bandidagem livre, falcatruas e extorsões e golpes à vontade.

É só querer. Tudo, absolutamente tudo, consentido pelo Ministério do Esporte, ou protegido, ou com sua participação, a depender do que se trate.

Não há surpresa alguma em que se criem ONGs para assaltar o Tesouro Nacional a pretexto do esporte, conforme o noticiário provocado por Orlando Silva, e que o próprio ministério seja um ponto de cruzamento das diferentes modalidades de corrupção.

No centro desse mundo encoberto, o Ministério do Esporte e seu ministro não providenciaram nenhuma medida de governo e não propuseram ao Congresso nenhuma lei de moralização, de impedimento de feudos, investigação de enriquecimentos injustificados, sonegações como alegados patrocínios a atletas e competições, prevenção de negócios com seleções nacionais, e muito mais ainda.

Você pergunta sobre o jornalismo esportivo nisso tudo? Como dizem nele, segue o jogo.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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