Haddad comanda o Ministério da Educação há 5 anos e meio, tempo suficiente para mostrar serviços e avanços em sua área. Ao contrário, no balanço de sua gestão, encontramos principalmente o descaso com nossos estudantes e com a educação das futuras gerações.
O maior desses descasos é o Enem. Transformado de uma prova para avaliação das escolas de ensino médio para um gigantesco vestibular, o Enem apresenta falhas que se repetem ano a ano. Da falta de capacidade de manter o adequado sigilo à absoluta falta de transparência com os critérios de avaliação, o Enem é o maior símbolo de uma administração fracassada, inepta e incompetente. Há relatos de estudante que tirou zero e reverteu sua nota no Judiciário, de estudantes que entregaram a prova em branco e tiraram nota maior que a mínima, e agora o Judiciário decidiu que o MEC deve dar transparência à correção das redações.
Sem critérios claros de avaliação, sem um currículo mínimo a ser percorrido no ensino médio para ser cobrado no Enem, o exame tem sido criticado por impor a ideologia oficial aos estudantes. Não se cobra conhecimentos adquiridos, mas o alinhamento do estudante ao pensamento oficial. O mérito, o único critério que deveria ser utilizado para ingresso nas universidades públicas, foi abolido nas águas turvas desse exame.
Mas a incompetência do ministro não se restringiu ao Enem. Livros didáticos foram distribuídos no país inteiro com erros de português. O ministério gastou tempo, energia e recursos para montar um kit contra a homofobia que foi reprovado até pela presidência e serviu unicamente para a direita levantar-se contra o esclarecimento necessário sobre o tema.
A expansão descontrolada das vagas nas universidades federais sem planejamento fez o sonho se transformar em pesadelo para aqueles que assistem aulas, quando são ministradas, em locais inadequados e sem equipamentos. E como não houve previsão da demanda por vagas, milhares sobram ociosas ano a ano, num desperdício completo de recursos escassos.
A alardeada supervisão dos cursos superiores serviu somente para demonstrar que o MEC deixa faculdades sem condições começarem a funcionar para depois fazer exigências de qualidade, após milhares de estudantes terem estudado nessas instituições ineptas, perdendo tempo e dinheiro e não alcançando a formação pretendida, como comprova a alta taxa de reprovação dos diplomados nas provas de admissão das respectivas carreiras.
Enquanto isso, ainda somos o 53º no ranking do Pisa/2009, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE, muito atrás de nossos vizinhos latino-americanos.
Faltou à gestão Haddad foco no fundamental: conseguir unir o país para que nossas crianças aprendam português, matemática e ciências. Suprir a falta de recursos de estados e municípios para que o ensino fundamental seja priorizado numa cadeia de colaboração federativa. Isso não foi feito e continuamos a patinar na educação do nosso povo, comprometendo o nosso desenvolvimento futuro.
E ainda há quem defenda que esse senhor possa administrar uma cidade gigantesca e complexa como São Paulo.
Roberto Freire, deputado Federal (SP) e presidente do PPS
FONTE: BRASIL ECONÔMICO
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