Há duas versões correndo em Brasília. Numa, Dilma nunca arranja tempo para receber o vice Michel Temer. Na outra, Temer é que nunca tem interesse em conversar e acertar nada com Dilma.
O fato é que Temer anda tão sumido da mídia quanto do gabinete presidencial no Planalto e dos almoços, jantares e reuniões no Alvorada, apesar de eleições, Código Florestal, Copa, Olimpíada, Rio+20, CPI e nuvens pesadas na economia.
A ausência dá pano para manga, mas não significa que o vice esteja fora das intensas articulações do PMDB para as eleições municipais, para a CPI do Cachoeira e para as principais votações no Congresso. Ao contrário, está em todas.
Parece, portanto, muito mais homem de partido do que homem de governo -apesar de o governo ser Dilma-Temer, PT-PMDB.
Dilma e Temer são e agem de formas muito diferentes. Passam um certo desconforto mútuo diante das personalidades, estilos, preferências e reações de um e de outro.
Além disso, as relações do PMDB com o PT nunca foram lá essas coisas e andam ainda mais estranhas. Na principal campanha do país, um vai para um lado, com Fernando Haddad, Dilma e Lula, e outro vai para o outro, com Gabriel Chalita, Temer e a cúpula peemedebista.
Na CPI, o PT só pensa em atirar no tucano Marconi Perillo e tirar o petista Agnelo Queiroz do alvo, enquanto o PMDB entrou com o segundo time, trabalha a favor do seu Sérgio Cabral e deixa claro que não tem compromisso com petistas nem com tucanos. Eles que se virem.
Diante da distância entre Dilma e Temer, entre o PT e o PMDB em São Paulo e entre os integrantes da CPI, ocorre o óbvio: aumentam os rumores de que o PSB se arvora de PMDB em 2014 e que Eduardo Campos olha para Temer pensando: "Eu sou você amanhã".
Só não dá para saber, ou apostar, o que é pior para a própria Dilma.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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