quinta-feira, 14 de junho de 2012

Estratégia de ampliar gasto público dificulta redução de juro, diz Franco

Diogo Martins

RIO - A estratégia do governo de aumentar e adiantar os gastos públicos é equivocada e não possui caráter anticíclico, para reaquecer a economia. A avaliação é do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, referindo-se a afirmação feita terça-feira pelo secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Para Franco, a estratégia da equipe econômica é um empecilho para a continuidade do processo de redução da taxa básica de juros.

"No Brasil, não conhecemos aumento de gasto que depois seja revertido. O gasto público não se reduz", disse Franco, depois de participar do seminário "O Futuro da História - Os Novos Rumos do Capitalismo", organizado pelo Instituto Millenium. "Esse tipo de estratégia, de elevar gastos para criar demanda, não é política anticíclica, é o aumento de participação do Estado na economia."

Franco disse que, futuramente, quando a economia brasileira se reaquecer e o gasto público não se reduzir, a relação já existente entre política fiscal expansionista e política monetária contracionista tenderá a se agravar. "Temos os juros altos por causa disso", afirmou.

Para o economista, é factível o país pensar em uma Selic em 4,5% ao ano, desde que reformas fiscais sejam realizadas. Essa taxa, disse, seria a "busca pelo Graal". Para ele, o Brasil deveria ter juros reais igual a zero, o que é um "paradigma internacional".

O ex-presidente do BC também criticou a concessão de incentivos tributários a subsetores da economia, como a diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as montadoras de carros. Ele defendeu redução tributária para toda a cadeia produtiva, o que chamou de "medida horizontal".

"Simpatizo com as medidas adotadas pelo BC, mas não as fiscais. As medidas tiram de um e dão a outro, isso é seletivo", afirmou.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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