sábado, 16 de março de 2013

Avanço lento – Editorial / Zero Hora (RS)

A divulgação do novo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) está suscitando controvérsias no país. Enquanto integrantes de partidos de oposição se aproveitam da estagnação do Brasil na 85ª posição entre os países analisados no ranking das Nações Unidas (ONU), o governo alega que os dados usados na medição estão defasados. 

A ressalva procede pelo menos sob o ponto de vista dos indicadores relativos à educação, mas também é verdade que os avanços constatados estão em descompasso com os obtidos por nações integrantes do chamado Brics – do qual fazem parte, além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – e até mesmo de países sul-americanos.

Mesmo contestado por fontes oficiais brasileiras, o próprio levantamento chama a atenção para o fato de o país estar incluído num grupo de 15 que mais avançaram no IDH desde 1990. Os avanços levados em conta, no caso, são os relacionados a educação, longevidade e renda.

O relatório ressalta os esforços brasileiros na área social, que contribuíram para retirar contingentes expressivos da condição de miséria. Ainda assim, países historicamente à frente do Brasil, incluindo vizinhos como Argentina, Uruguai e Chile, continuam avançando num ritmo maior. E, embora o Pnud reconheça o uso de dados defasados e admita uma melhora relativa do país caso fossem atualizados, o fato é que os avanços no âmbito da renda per capita foram modestos. Ao mesmo tempo, os da área de educação e saúde também ficaram distantes dos esperados. A taxa de escolaridade, por exemplo, continua baixa, enquanto a expectativa de vida segue longe da registrada em países incluídos no grupo dos mais desenvolvidos.

Simultaneamente ao combate à miséria, o Brasil precisa apostar na qualificação do ensino e na melhoria do atendimento na área de saúde pública, garantindo mais anos de estudo e maior expectativa de vida ao nascer. São conquistas que não são obtidas de um momento para outro, nem numa única administração, e que, por isso, precisam ser perseguidas com obstinação e de forma planejada.

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