quinta-feira, 9 de maio de 2013

Afif continua vice de SP, mas com salário de ministro

Ex-crítico do PT, novo integrante do governo Dilma elogia Lula pela adoção de propostas para microempreendedor

Chico de Gois

BRASÍLIA e SÃO PAULO - O ministro da recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, que toma posse hoje no 39º ministério do governo da presidente Dilma Rousseff, confirmou que continuará vice-governador de São Paulo, mas abriu mão do salário de R$ 19,6 mil, optando pelo vencimento de ministro de Estado, de R$ 26,7 mil. Essa situação gera polêmica e questionamentos, e deve ser discutida na próxima reunião da Comissão de Ética Pública, marcada para o dia 20.

Conhecido por seus duros ataques ao PT e ao ex-presidente Lula, contra quem disputou a eleição presidencial de 1989, Afif minimizou as críticas aos (ex-)desafetos e disse que não eram pessoais nem contumazes, mas pontuais. E até elogiou Lula por ter adotado, quando presidente, uma de suas propostas, a da criação do microempreendedor individual (MEI).

- Sou um crítico pontual (do PT). Não sou um crítico pessoal ou institucional. Eu apoio o que está certo e critico o que está errado - disse ele em entrevista ao GLOBO, acrescentando que há "confluência de afinidade programática" entre o governo que passa a defender e sua atuação profissional ao longo da vida. - Sempre reconheci que Lula me recebeu (no Planalto) e adotou a proposta do MEI. E sempre reconheci que os governos do PT se esforçaram para pôr em prática políticas que beneficiam os micro e pequenos empresários.

O novo ministro vê com normalidade o fato de a Comissão de Ética da Presidência analisar se ele não incorre em quebra do decoro por acumular duas funções públicas. Para Afif, é bom que haja essa análise por parte da comissão para esclarecer e criar jurisprudência.

- Acho muito bom para efeito esclarecedor dos pontos controversos de uma matéria inédita, que não tem disciplina legal. Estou contribuindo para que esses fatos possam ser esclarecidos - afirmou.

Ele justifica que não pensa em abrir mão ou se licenciar da vice-governadoria, para a qual foi eleito por uma aliança com o PSDB, que venceu o PT em São Paulo. Ontem, ele encaminhou ofício ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) pedindo exoneração da função de presidente do Conselho Gestor das Parcerias Público-Privadas. Os dois estão rompidos desde que Afif deixou o DEM e ajudou a fundar o PSD.

Afif fez questão de dizer que aceitou o convite para ser ministro porque o pedido foi feito a ele, pessoalmente, e não ao partido. Mesmo assim, defendeu o apoio da legenda à reeleição de Dilma e, caso ela seja reeleita, que o PSD passe a fazer parte da administração. Ontem, o líder do PSD na Câmara, Eduardo Sciarra (PR), reafirmou a disposição de sua bancada de atuar de forma independente.

Fonte: O Globo

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