• Para tucanos, Dilma está pondo em prática ações que condenou na campanha
• Segundo deputado petista, medidas são necessárias e não têm impacto na renda e no emprego
- Folha de S. Paulo
SÃO PAULO, BRASÍLIA - As centrais sindicais temem o impacto das medidas anunciadas pelo governo para frear as despesas com benefícios trabalhistas em um momento em que se espera alta do desemprego, devido à fraqueza da economia.
As medidas para conter a inflação (aumento dos juros) e para justar as contas do governo contribuem para contrair ainda mais a atividade.
O presidente da UGT, Ricardo Patah, considera o início do ano o pior momento para a adoção das medidas. "É justamente quando ocorre o período de maior vulnerabilidade do trabalhador do comércio e dos serviços, atividades que ainda estavam dinâmicas e gerando empregos".
Segundo Patah, as mudanças mais sensíveis são o aumento do tempo de contribuição para obter o seguro-desemprego e a limitação do auxílio a pescadores (cujos sindicatos integram a central).
Miguel Torres, presidente da Força Sindical, disse que o pacote não foi tratado com as centrais. "É um presente de grego para os trabalhadores na virada do ano."
"Estamos abertos a discutir mudanças para evitar desvios. Mas agora, quando a inflação está alta, o desemprego deve subir e o trabalhador mais precisa, o governo quer tirar o benefício?", queixa-se.
Torres afirmou que a Força vai mobilizar outras centrais e deputados para tentar derrubar as propostas. Parlamentares da oposição também disseram que vão trabalhar contra as alterações.
A estratégia dos oposicionistas será conquistar apoio de aliados de Dilma, refratários às regras que atingem aposentados e trabalhadores.
"Começam a se materializar as contradições da candidata com a presidente. Ela mentiu para a população no processo eleitoral", disse o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA).
Presidente do DEM, José Agripino Maia (RN) afirmou que o governo está "debitando a conta" de seu deficit nos aposentados. "A Dilma está fazendo tudo o que satanizava na campanha eleitoral. Vai poupar naquilo que não dói neles, petistas. As gastanças" públicas, cargos comissionados, ninguém mexe nisso."
"As medidas amargas que ela acusou o Aécio [de fazer], ela está tomando. A erosão do seu prestígio começa antes do segundo mandato", declarou o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves.
O deputado José Guimarães (PT-CE) saiu em defesa do governo. "Essas medidas são necessárias para segurar a economia e não impactam emprego e renda. Não se está tirando direito de ninguém, mas, sim, moralizando."
Outros petistas adotaram cautela. "Caso ameace direitos do trabalhador, vou apresentar emendas. Se não forem acatadas, não tenho como votar a favor da proposta", disse o senador Paulo Paim (PT-RS).
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