• Dilma Rousseff mentiu durante a campanha e na formação de seu governo. Mente ao não reconhecer a gravidade da situação
- Folha de S. Paulo
Em dois debates durante a campanha presidencial, Aécio Neves deu oportunidade para que a presidente Dilma Rousseff pedisse desculpas aos brasileiros por ter tirado a então maior empresa do país das páginas de economia e a levado para o noticiário policial. Dilma ironizou a proposta e negou qualquer relação com a crise na Petrobras.
O que se sabia, então, era pouco, quase nada. Menos de seis meses e algumas delações premiadas depois, ficou claro que o petrolão é o maior escândalo de corrupção da história deste país. Mas a crise não é só de corrupção.
É também política, já que a presidente não controla sua base política e perdeu o apoio até de parte de seu partido. É econômica, pois as contas públicas estão fora de controle, gerando inflação e ameaça de desemprego. E é, sobretudo, de confiança. A presidente mentiu durante a campanha e na formação de seu governo. Mente ao não reconhecer a gravidade da situação.
Assim, perde a confiança que a maioria dos brasileiros que foi às urnas lhe deu em outubro passado.
A última pesquisa do instituto Datafolha comprovou o que a rua já mostrava: os brasileiros não confiam mais na presidente e em sua equipe. Sua gestão é aprovada por apenas 13% dos eleitores. O pessimismo com a economia é impressionante: os brasileiros acham que a situação do país vai piorar, preveem que o desemprego aumentará e que a inflação vai crescer.
Dilma quebrou a confiança do brasileiro. Os erros e as mentiras do passado levaram à situação de insatisfação no presente e à desesperança com o futuro. Em todas as regiões, classes sociais e faixas etárias. O descontentamento é geral. Setores que pouco tempo atrás lhe deram a vitória, agora a desprezam.
No mesmo dia da divulgação da pesquisa Datafolha, o Brasil viu outra farsa desmoronar. Com a saída espetaculosa de Cid Gomes do Ministério da Educação, ficou evidente que a "pátria educadora" prometida na posse não passava de um slogan. Cid foi um ministro tampão.
Em sua gestão, o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) entrou em crise e as universidades federais começaram a parar por falta de recursos. A pasta teve um corte de R$ 7 bilhões e o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) deixou de pagar as instituições formadoras.
O fracasso é evidente. A verdade é que caminhamos em direção contrária ao slogan. Em menos de três meses, houve corte de 31% no Orçamento do ministério, 30% no Orçamento das universidades federais, houve atrasos no Pronatec, e milhares de alunos ficaram sem condições de renovar suas matrículas em seus cursos devido ao arrocho no Fies.
A educação andou para trás neste segundo mandato, assim como todo o país. É mais um setor que perde a confiança no governo.
Acuada, a presidente não consegue apontar caminhos para superar a crise. Prefere usar de cinismo ao lançar um pacote de combate à corrupção inócuo, com medidas recicladas e que já tinham sido apresentadas pelo então presidente Lula como cortina de fumaça no auge da crise do mensalão.
A presidente não precisa de pacotes, precisa da verdade. Precisa olhar nos olhos dos brasileiros e reconhecer os muitos erros que cometeu. É o primeiro passo da difícil caminhada para recuperar um mínimo de confiança da população.
Uso este nobre espaço para, repetindo Aécio Neves, fazer uma proposta à presidente: Dilma, minha cara, peça desculpas aos brasileiros por todos os seus erros e mentiras. O Brasil merece a verdade.
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Bruno Araújo, 43, advogado, é deputado federal pelo PSDB-PE e líder da oposição na Câmara
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