- O Estado de S. Paulo
É cedo, mas antes que seja tarde demais os protagonistas da cena política já movem suas peças a fim de garantir posições favoráveis na largada para o jogo eleitoral de 2018.
Ao que se desenha no horizonte pode vir novidade por aí, quebrando a habitual dobradinha entre PT e PSDB. Há dois movimentos importantes: a articulação do ex-presidente Luiz Inácio da Silva em torno de um novo partido para reunir as forças de esquerda e a decisão do PMDB de deixar de lado o papel de inquilino do poder de turno e tentar eleger um presidente da República.
Pela primeira vez em muitos anos, cerca de 20, o PMDB parece falar sério quando suas lideranças – entre elas o vice-presidente Michel Temer – dizem que o partido terá candidatura própria à Presidência da República.
Tão sério que a cúpula pemedebista tem um nome em vista e já está com o roteiro do desembarque do governo federal pronto. O candidato considerado ideal nessas conversas é o senador tucano José Serra: seria a união de um nome de projeção nacional com o partido mais bem estruturado em todo o País.
Serra, a respeito, não confirma nem desmente. Silencia. Mas o autodenominado “grupo pensante” do PMDB – onde figuram inclusive atuais ministros – fala, e muito, no assunto, apontando as “parcerias” que o tucano vem fazendo com o partido em torno de projetos no Senado como o embrião de uma possível união mais estável.
Os pemedebistas partem do princípio de que a aliança com o PT acabou. Aliás, raciocinam que o próprio PT acabou-se junto à opinião pública e que não será jogador competitivo em 2018. Na avaliação dos ainda parceiros do governo, o ex-presidente Lula não será candidato.
Acreditam que o PSDB “tem teto” – quer dizer, eleitorado limitado – e que escolherá o candidato a presidente entre o governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves; apostam, diga-se, na escolha do paulista. Muito bem, nessa altura da história é que entraria José Serra com sua assumida vontade de presidir o Brasil e a oportunidade se apresentando fora de seu partido atual.
Internamente o que se diz é que não haveria problema de disputa, pois nenhum dos nomes que se especulam (Temer, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o deputado Eduardo Cunha) seria páreo para Serra em termos de densidade eleitoral. Se for para competir com chance, a cúpula tem certeza de que o partido se une.
Paralelamente à aproximação com o tucano, os pemedebistas põem em prática o ritual do desembarque. Começou com as reiteradas afirmações por parte do presidente da Câmara de que a aliança entre PT e PMDB está vivendo seus últimos momentos. O senhor e a senhora podem reparar, não há desmentidos quanto a isso.
O vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, deixa que falem. Ele mesmo já defende em público a candidatura própria e será, no momento apropriado, o porta-voz do comunicado à presidente Dilma Rousseff, de que a franquia PMDB vai trabalhar em causa e casa próprias.
O partido como um todo vai oficializar essa decisão em setembro num congresso convocado, em tese, para discutir as eleições municipais do ano que vem. Na prática, porém, a ideia é provocar uma manifestação coletiva de desagrado com a aliança e em prol do projeto solo no âmbito nacional.
Depois disso, momento haverá em que os ministros do partido deverão deixar os cargos. Pragmática, a direção do partido pretende que isso ocorra depois das eleições municipais. Mas não muito depois. Logo em seguida seria o ideal. Afinal, os ministérios sempre são de alguma utilidade na campanha eleitoral. Isso eles não dizem; depreende-se pelo “timing” pretendido.
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