“Eleições e referendos devem não só reproduzir um espectro de preferências existentes, mas também juízos sobre os programas e sobre as pessoas que se encontram em eleições. Eles não podem expressar irrefletidamente a vontade da população, pois têm também um sentido cognitivo. O governo precisa elaborar problemas urgentes com base nessas decisões sobre diretrizes.
Em uma democracia, eleições políticas não satisfazem sua determinação sistêmica se meramente registram a distribuição de preferências e de prejuízos. Os votos eleitorais alcançam o peso institucional de decisões civis de um colegislador somente porque procedem de um processo público de formação da opinião e da vontade, no que esse processo é controlado pelos prós e contras públicos de opiniões, argumentos e tomadas de posição livremente flutuantes. As opiniões dos cidadãos devem primeiramente se constituir a partir da maré dissonante das contribuições, à luz de uma troca de opiniões publicamente articulada.
De maneira ideal, a política deliberativa se enraíza em uma sociedade civil que faz um uso anarquista de suas liberdades comunicativas. Mas, em nossas esferas públicas espaçosas, produzidas primeiramente pela rede comunicativa de mídias de massas, carece-se não só de informações e impulsos da parte de uma imprensa espontânea e independente, mas, em primeira linha, da iniciativa do esclarecimento e da capacidade de organização dos partidos políticos.“
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Jürgen Habermas (1929, é um filósofo e sociólogo alemão, “Na esteira da tecnocracia: pequenos escritos políticos Xll”, pp.172-3. Editora Unesp, 2014.
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