quarta-feira, 13 de junho de 2018

DEM negocia aliança com PDT, Alckmin e Dias

Por Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem que as negociações com o PDT para uma eventual aliança em apoio à candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República não começaram, mas que as portas estão abertas tanto para o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) quanto para o pedetista. Paralelamente, o parlamentar do DEM deve manter as conversas semanais que vem tendo com o pré-candidato do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin.

"Nem começou a negociação com o PDT. Não temos nenhum problema em dialogar com ele [Ciro]. Temos uma relação histórica com o PSDB e isso tem um peso em qualquer decisão nossa que não seja candidatura própria, mas não tem porque fechar a porta nem para o Alvaro Dias e nem para o Ciro Gomes. Eles são políticos experientes e tem todas as condições de construir uma candidatura vitoriosa e governar o Brasil", disse Maia.

Reservadamente, os caciques do DEM dizem que, diante da ausência de um nome do centro político que empolgue o eleitorado, uma eventual aliança com Ciro passa a ser uma opção concreta. Oficialmente, a legenda seguirá defendendo que há fôlego para a postulação de Maia, mas, nos bastidores, a ordem é que o DEM e seus aliados comecem a se movimentar e busquem um nome competitivo para apoiar na corrida presidencial.

A aliança histórica com os tucanos poderia contribuir para que o DEM batesse o martelo e apoiasse a pré-candidatura de Alckmin, mas, segundo fontes consultadas pelo Valor, outros pontos serão determinantes na decisão do DEM: além de uma candidatura competitiva, os partidos que estão fechados com Maia querem se aliar a um nome que esteja alinhado com a agenda defendida pelo grupo para o país nos próximos quatro anos.

Como Alckmin não cresce nas pesquisas de intenção de voto, Maia e seus aliados teriam demonstrado disposição em conversar com Ciro. Inicialmente, Maia deve tentar uma aproximação com o irmão de Ciro, o ex-governador Cid Gomes, ainda nesta semana. Caso a conversa empolgue o grupo encabeçado pelo parlamentar do DEM, o próximo passo deve ser uma abordagem mais direta ao pedetista.

Segundo apurou o Valor, ACM Neto tem defendido que o DEM não tome essa decisão sozinho. O presidente da legenda teria afirmado a Maia que é preciso bater o martelo conjuntamente com outros partidos que o apoiaram até aqui, como o PP, o Solidariedade e o PRB. Na avaliação de caciques do DEM, para que a aliança com Ciro se consolide, seria importante que os partidos do centro e o PDT "estreitem a distância entre as bandeiras que defendem".

"A opção Ciro, que inicialmente não existia, passou a ser concreta. A aliança histórica com o PSDB pode levar os partidos do centro a apoiarem Alckmin, mas isso não é fator determinante. É preciso sacrifício para formarmos uma aliança mais ampla e forte do que as existentes previamente. Não dá para acreditar que seja possível construir uma vitória de Alckmin com a mesma frente que elegeu FHC. São outros tempos", afirmou um aliado de Maia ao Valor, acrescentando que apenas duas alianças estão completamente descartadas: com o PT e com o pré-candidato do PSL, deputado Jair Bolsonaro (RJ).

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