“A Rússia é a pátria originária do populismo, a própria expressão originou-se do primeiro movimento do tipo, o “Narodnik”. Freyre inspirou-se nele, mas não naturalizou soluções populistas e autoritárias: fez análise positiva, não normativa. O iliberalismo, contudo, tem sido dominante.
O populismo é hostil ao Parlamento e aos políticos profissionais, por isso se fortalece quando escândalos de vastas proporções assolam as instituições. Ele se alimenta do desencanto. O líder popular que estabelece ligações com a “nação” sem mediações de corpos intermediários que as contaminem é a solução “russa”, iliberal, do problema.
Não há solução à margem das instituições. O dilema institucional brasileiro equivale a consertar o barco em meio à tempestade: conciliar a renovação (necessária e urgente) do corpus político com a reconstrução das próprias instituições.”
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Marcus André Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA).’Rússia americana’, Folha de S. Paulo, 9/7/2018
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