- Folha de S. Paulo
Vendo o precipício se aproximando, o presidente se segura no centrão
O governo de Jair Bolsonaro acelera cada vez mais o passo para um esgotamento político irreversível. Fica a questão sobre até quando o país suportará essa sangria.
Sem ministros efetivos na Educação e na Saúde, o governo é negligente e omisso no combate a uma pandemia que já matou 50 mil e atingiu 1 milhão de pessoas em três meses.
O presidente foi encurralado pelo escândalo do ex-assessor do filho, o agora senador investigado no esquema de desvio de salário de assessores nos tempos de Assembleia no Rio.
Empresários e políticos aliados do Planalto são personagens principais dos inquéritos no STF que apuram atos antidemocráticos e disseminação de notícias falsas, as fake news.
Acuado, o governo lança mão de subterfúgios diplomáticos para facilitar a saída do país de um ministro demissionário para os Estados Unidos.
O presidente é alvo de investigação no Supremo pelas acusações de interferências no comando da Polícia Federal para atender a interesses pessoais e familiares.
Nem a economia salva. Afinal, por onde anda o natimorto Pró-Brasil, anunciado com pompa na escandalosa reunião de 22 de abril? Assim como não sabia onde estava Queiroz, Bolsonaro também não deve ter ideia do destino do programa.
Vendo o precipício se aproximando, o presidente se pendura no centrão. O mesmo centrão que fingiu prometer apoiar Dilma Roussef na véspera da votação que abriu seu processo de afastamento em 2016.
Bolsonaro emite escassos sinais de fôlego e tem exibido um semblante abatido, como ocorreu na quinta-feira (18) no vídeo da demissão de Abraham Weintraub e na live semanal.
Enfim, o Brasil vai aguentar mais dois anos e meio de um governo esfarelado?
As ações de cassação de chapa que correm no TSE são lentas e dependem de novos fatos, sobretudo do caso das fake news no STF. Outro processo impeachment certamente seria doloroso e desgastante para o país, mas Bolsonaro parece buscá-lo diariamente.
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