Folha de S. Paulo
Campanha da reeleição será feita em serviço
de mensagens fora da lei e sem moderação de conteúdo
Em 2016, durante a corrida eleitoral entre
Hillary Clinton e Donald Trump nos EUA, o Facebook registrou uma avalanche de
mentiras em que um lado se empenhava em demonizar o outro. Os sites de notícias
falsas forneceram todo tipo de baixaria que o público costuma consumir
avidamente. Por exemplo: sem que ninguém soubesse Hillary estaria em coma; seu
marido, Bill Clinton, tivera um filho fora do casamento.
A empresa tentou resolver o problema introduzindo uma mudança de algoritmo, a qual fazia com que o conteúdo de parentes e amigos prevalecesse. Só que, ao priorizar estes, o Facebook solapou os sites de notícias confiáveis. Os usuários deixaram de ver em destaque as postagens de jornais. E continuaram a ver as notícias falsas e as de viés político-partidário postadas por amigos e familiares. Foi o embrião do “tio do zap”.
A história está no livro recém-lançado “Uma
Verdade Incômoda” (Companhia das Letras). Nele, as repórteres Cecilia Kang e
Sheera Frenkel, do jornal The New York Times, mostram que os erros não foram
acidentais. É assim que a plataforma criada por Mark Zuckerberg foi programada
para funcionar e faturar, manipulando dados pessoais, espalhando inverdades e
amplificando teorias de conspiração e discursos de ódio.
A CPI
da Covid vai pedir o indiciamento de Bolsonaro por
11 crimes, entre os quais o de ter promovido
curas e métodos de prevenção da pandemia sem comprovação científica,
desaconselhado o uso de máscaras e incentivado aglomerações. Tudo pelas redes
sociais, onde tem cerca de 40 milhões de seguidores.
Para as eleições de 2022, Bolsonaro
já elegeu o Telegram,
serviço de mensagens concorrente do WhatsApp, que funciona à margem da lei e
sem moderação de conteúdo. É a ralé dos aplicativos: grupos com até 200 mil
pessoas que se informam sobre armas, nazismo, pornografia, venda de drogas e
dados privados, o diabinho que se esconde dentro das vacinas.
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