Folha de S. Paulo
Petista aproveita rejeição a Bolsonaro e
faz sinal precoce de abertura à centro-direita
Pouco depois de um encontro com Lula, em
maio passado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez juras de lealdade
ao PSDB. Disse que apoiaria um nome de seu partido à Presidência em 2022, mas
acrescentou que, se o candidato tucano não chegar ao segundo turno,
votará em
qualquer um contra Jair Bolsonaro –"mesmo o Lula",
completou.
O PT age para antecipar essa lógica do segundo turno. A ideia é aproveitar o favoritismo de Lula apontado pelas pesquisas, a descrença com a decolagem da tal terceira via e a sólida rejeição a Bolsonaro para atrair nomes de centro e centro-direita para o campo petista ainda nas etapas iniciais da campanha deste ano.
A aproximação de Lula com figuras
históricas do PSDB segue esse princípio. O petista tem buscado
políticos que foram seus adversários no passado, mas poderiam apoiá-lo caso a
corrida mantenha o desenho de um embate direto entre ele e Bolsonaro. Além de
FHC e Geraldo Alckmin, Lula já se encontrou com Aloysio Nunes, Arthur Virgílio,
Tasso Jereissati e Marconi Perillo.
Ainda que muitos tucanos descartem um
alinhamento com Lula agora, há consenso nos dois lados de que o cenário atual
requer a construção de uma base mínima para derrotar o atual presidente. Os
petistas gostariam que uma frente ampla se desenhasse ainda no primeiro turno
(caso outros candidatos se mostrem inviáveis), mas topam deixar a porta aberta
para o segundo turno.
Um dos petistas que trabalham por esse
acerto diz que o objetivo das conversas é "demonstrar uma abertura"
precoce a esses potenciais aliados –o que incluiria compromissos em torno de
princípios básicos como a estabilidade monetária e a preservação
da democracia.
Petistas e alguns dos personagens de
centro-direita acreditam que esse processo tende a transbordar da
campanha eleitoral para um eventual governo. Aloysio Nunes disse à Folha que, durante um
encontro na semana passada, o próprio Lula disse que precisará de "um
mutirão para governar" se for eleito.
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