O Estado de S. Paulo
Embaixadores: ameaça ao Brasil não é urna eletrônica, é o presidente da República
A reunião de ontem de dezenas de embaixadores estrangeiros no
Palácio da Alvorada foi mais um espetáculo lamentável e constrangedor
protagonizado por um presidente da República que não tem a menor noção do seu
papel e das suas responsabilidades, como já tinha demonstrado em inúmeras
oportunidades, sobretudo na pandemia de covid. O presidente que combateu até
máscaras e vacinas é o que tenta vender ao mundo que o Brasil é uma
republiqueta de bananas.
Não é minimamente razoável que o próprio presidente se encarregue de dizer que o Brasil não presta, as instituições são uma farsa, os ministros do Supremo e da Justiça Eleitoral são desqualificados e as eleições são fraudulentas. E se o ex-presidente Lula vencer? E se o próprio Bolsonaro vencer? Como o mundo vai olhar o futuro governo?
Bolsonaro se expor de forma tão patética é um problema dele. Mas
exibir um Brasil vagabundo, avacalhado, é um problema do Estado brasileiro, da
Nação brasileira, do País inteiro. Uma vergonha!
Ao saírem do encontro em silêncio, sem aplausos, sem esconder o
espanto, os embaixadores trocaram impressões intensamente entre eles e, se era
para convencer alguém de alguma coisa, Jair Bolsonaro só conseguiu comprovar o
que boa parte deles já achava: que a coisa vai muito mal. Um deles, que nunca
acreditou em golpes, passou a acreditar.
A confusão começou já na distribuição dos convites, que prestigiou
umas embaixadas e escanteou outras, sem qualquer explicação sobre critérios.
Até sexta-feira, a informação da Presidência era de que nem todas seriam
incluídas, o que misturou dois sentimentos entre elas: constrangimento, mas
também alívio. Só na véspera do evento, em plena noite de domingo – o que não é
nada usual – foram disparados mais convites, ainda assim não para todas.
No evento, embaixadores, sobretudo europeus, se sentiram “usados e
meros figurantes”, como definiu um deles: o palco do presidente foi montado
para o público interno. Não houve uma única novidade, desde os ataques aos
ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso até as fake
news sobre “fraudes” em 2018. Se a eleição foi fraudada, ele foi o maior
beneficiado e não poderia nem estar ali, com a multidão de embaixadores.
As embaixadas estão despachando notas para seus governos para
relatar o encontro e o espanto. Agora, é esperar a rebordosa: uma onda de
manifestações das grandes democracias para defender o Brasil dos ataques de
Jair Bolsonaro, como os EUA já têm feito. A grande ameaça à democracia, à
eleição e à imagem do País não é a urna eletrônica, é o presidente da
República.
3 comentários:
De ele ganhar tem que cassa-lo imediatamente porque a eleição foi fraudada .
Bolsonaro sempre consegue PIORAR o mal que se imagina que ele vá fazer!
Tem um louco na presidência,e um louco do mal.
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