Folha de S. Paulo
Mesmo que seja rejeitado em outubro,
deixará um rastro de destruição institucional
Jair Bolsonaro transformou a Presidência numa casa da sogra. A expressão designa o lugar onde o sujeito pode fazer o que lhe der na telha sem risco de ser repreendido. Não consegui uma confirmação etimológica da seguinte história, mas ela é boa, apesar de politicamente incorreta. O lar dos sogros seria esse lugar porque, numa herança do patriarcado, pais estavam tão ansiosos para se livrar de suas filhas, vistas como uma boca a mais para comer e um braço não muito bom para trabalhar, que até pagavam um dote, uma indenização, ao genro. Também aceitavam desfeitas que o rapaz pudesse cometer.
O Brasil, como sociedade, tornou-se a mais tolerante das sogras. Desde que chegou ao Planalto, Bolsonaro fez de tudo Xingou, ameaçou e, se considerarmos as omissões na pandemia, também matou. Na segunda (18/7), voltou a mentir em grande escala para uma audiência internacional de embaixadores. Só a CPI da Covid lhe atribuiu oito infrações penais, incluindo crimes contra a humanidade. Os juristas que subscreveram o chamado superpedido de impeachment apontaram cerca de duas dezenas de crimes de responsabilidade.
Ainda que não nessa escala, é esperado que
presidentes abusem de suas prerrogativas. O que importa é como a sociedade
reage a esses abusos. E, nesse quesito, fracassamos miseravelmente. Ainda que
Bolsonaro tenha tido o cuidado de blindar-se contra ações penais nomeando um
procurador-geral camarada, fomos incapazes até de iniciar um processo de
impeachment –isso na Câmara, o espaço parlamentar em que os anseios da
população estão em tese mais bem representados.
Mesmo que Bolsonaro seja rejeitado em
outubro, deixará atrás de si um rastro de destruição institucional. Ele provou
para todos os presidentes futuros que, escolhendo as autoridades certas e
pagando os tributos devidos aos parlamentares, eles podem, como o genro
abusado, cometer
os piores crimes sem serem incomodados.
2 comentários:
O melhor foi quando ele disse vulgarmente que estava “c……” para o povo é na verdade teve que ir para um hospital para fazê-lo. Será que ele teria coragem de repetir isso?
Esse cara deveria passar por uma junta médica para saber se tem condições mentais para exercer qualquer cargo.. No Exército foi expulso por querer explodi-lo, na presidência um comportamento imbecil e louco. Esse Cara está mais para lunatico , só não enxerga quem depende dele para a obtenção do VIAGRA que faz milagres junto a tropa.
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