Correio Braziliense
Moreira
trabalha para que Michel Temer também declare apoio a Lula. Mas não houve
nenhum sinal efetivo de reaproximação entre ambos. O petista simplesmente o
esnobou o ex-presidente
Em 15 de maio de 1950, os dirigentes do
PSD, reunidos na casa de Cirilo Júnior (presidente do partido), decidiram
lançar a candidatura de Cristiano Machado à Presidência da República. O general
Góis Monteiro transmitiu a decisão ao presidente Eurico Gaspar Dutra, seu velho
amigo, enquanto o próprio Cristiano procuraria Getúlio Vargas e Ademar de
Barros, o governador de São Paulo, para oferecer ao Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB) a vice-presidência.
Vargas não objetou a escolha, mas o PSD do Rio Grande do Sul (favorável à indicação de Nereu Ramos) rejeitou a candidatura. O Partido Social Progressista (PSP), de Ademar de Barros, também decidiu não apoiar Cristiano. Sabia que a candidatura de Vargas, apoiada por Ademar, seria lançada em 17 de junho. O próprio tentava adiar a convenção e remover o candidato do PSD, mas não teve sucesso. Cristiano foi aclamado no dia 9 de julho, ou seja, se antecipou a Vargas. Para neutralizar Ademar, Cristiano fez ainda uma aliança com Hugo Borghi, candidato ao governo de São Paulo pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN).
Nas eleições de 3 de outubro de 1950, a
chapa Cristiano Machado-Altino Arantes (PSD-PR) concorreu com as de Eduardo
Gomes-Odilon Braga (UDN) e Getúlio Vargas-Café Filho (PTB-PSP). O resultado
final deu a Getúlio 3.849.040 votos, contra 2.342.384 dados ao brigadeiro
Eduardo Gomes e 1.697.193 a Cristiano Machado. O refluxo do setor getulista do
PSD em relação à candidatura de Cristiano e a transferência de seus votos para
Vargas foi um processo de esvaziamento eleitoral que ficou conhecido no jargão
político como “cristianização”.
Ontem, a candidata do MDB à Presidência da
República, Simone Tebet, foi “cristianizada” pelo MDB do Rio de Janeiro, que
decidiu, em convenção regional, apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e a reeleição do governador Cláudio Castro. Segundo o documento
aprovado, a gravidade do momento, sem qualquer desmerecimento à candidatura
posta pelo MDB, “impõe já no primeiro turno das eleições apoiar a candidatura
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mais qualificado entre todos para
governar”.
O MDB cristianizou Ulysses Guimarães
(1989), Orestes Quercia (1994) e Henrique Meirelles (2018), mas nunca de papel
passado.
Sem
compromisso
Segundo o ex-governador Moreira Franco, um
dos autores do texto, não houve nenhum acordo prévio com a Lula. A decisão de
apoiar o petista foi tomada mirando quatro objetivos: “1º) fortalecer as
instituições políticas democráticas, não para mantê-las congeladas no tempo,
mas modernizando-as e adaptando-as às exigências de um mundo que muda cada vez mais
rapidamente e não perdoa os retardatários; 2º) não aspirar à reconstituição do
passado, consciente de que temos de procurar nosso lugar no futuro que está em
gestação em todas as esferas da vida; 3º) recuperar o papel do Estado na
liderança e na promoção do desenvolvimento econômico e na repartição dos frutos
do progresso, do mesmo modo como o fizeram todos os países democráticos do
mundo; 4º) governar em nome de todos os brasileiros e para todos os brasileiros
e garantir segurança jurídica e estabilidade institucional para os que produzem
e trabalham.”
“Uma coalizão de brasileiros, unidos por
estes valores, pode evitar os males que nos ameaçam, dar fim a um momento
sombrio de nossa história e lançar as bases duradouras de um verdadeiro
desenvolvimento inclusivo e sustentável. Esta é uma oportunidade que não
podemos perder”, argumenta o documento aprovado na convenção.
Moreira foi um dos artífices do impeachment
da ex-presidente Dilma Rousseff e trabalha para que o ex-presidente Michel
Temer também declare apoio a Lula. Mas não houve nenhum sinal efetivo de
reaproximação entre ambos. O petista simplesmente esnobou Temer, solidário com
Dilma.
O MDB do Rio de Janeiro é presidido pelo deputado Leonardo Picciani, filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa Jorge Picciani, velho aliado de Lula. O ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis foi indicado vice da chapa. Claudio Castro apoia a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Um comentário:
Apoiar o Lula eu entendo,mas Claudio Castro!?
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