Folha de S. Paulo
Despesas para abrigar esses campeonatos chegam facilmente às dezenas de bilhões de dólares
Indivíduos singulares caem no conto do vigário; países caem
no conto da Copa ou das Olimpíadas. Quanto mais detalhadamente
economistas estudam os casos de nações ou cidades que sediaram essas competições
esportivas, mais firmemente concluem que fazê-lo é uma fria.
As despesas para abrigar esse gênero de
evento são certas e chegam facilmente à casa das dezenas de bilhões de dólares;
os retornos são raros e, quando ocorrem, mostram-se muito mais mirrados do que
nas estimativas iniciais. O sempre prometido legado não costuma passar de uma
ilusão; já os elefantes brancos ficam.
Economistas cunharam a expressão "maldição olímpica" para referir-se ao resultado dos investimentos. E os prejuízos vão muito além da inequação financeira. Os prazos exíguos e inelásticos são um convite ao descontrole orçamentário e à corrupção, que sempre envolve algum nível de deterioração institucional. No caso do Qatar, vimos até o emprego de um tipo de contrato de trabalho que remete à escravidão.
Não é que nenhuma sede tenha se dado bem. O
grande contraexemplo à maldição é Barcelona, que viu o fluxo de turistas
aumentar significativamente e em bases permanentes após 1992. A Alemanha obteve
algum efeito positivo sobre o emprego na Copa de 2006, mas isso porque é um
país desenvolvido e que já tinha quase toda a infraestrutura pronta.
Nas Olimpíadas a logística é mais
complicada, mas, no caso da Copa, há uma solução relativamente simples. Basta
abolir a ideia de candidaturas nacionais. Poucos países têm a infraestrutura
quase toda pronta, mas vários conjuntos de três ou quatro países próximos têm.
Se eles se unirem para sediar mundiais, a necessidade de investimentos cai
acentuadamente. Como Copas são um evento essencialmente virtual – há bilhões de
telespectadores contra algumas dezenas de milhares de turistas que se deslocam
para o país sede –, as receitas ficariam mais ou menos inalteradas.
Um comentário:
O Brasil sediou e ainda perdeu de 7 a 1,rs.
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