O Estado de S. Paulo.
Instituições foram cooptadas por grupos de interesse, o que distorce as escolhas sociais
A taxa de juros não parece importar para o
crescimento de longo prazo de países. Na verdade, poderíamos nos perguntar se
as taxas de juro elevadas reduzem o crescimento a longo prazo ou se são os
próprios fatores que causam taxas de juro elevadas que também atrasam o nosso
crescimento.
Vivemos hoje um equilíbrio econômico ineficiente – e equilíbrios ineficientes costumam se autorreforçar. Instituições que foram cooptadas por pequenos grupos de interesse geram incentivos para que os mesmos grupos de interesse continuem distorcendo escolhas sociais e possam continuar capturando o Estado.
Os subsídios industriais são um exemplo
disso. Ao escolher subsidiar um determinado setor da economia, o governo faz
essa escolha pensando no bem-estar social ou por que foi capturado por grupos
de interesse daquele setor? Grupos que recebem subsídios continuam influentes e
podem ajudar a perpetuar políticos que atendam a seus interesses. É um círculo
vicioso.
Outros exemplos de captura do Estado podem
ser políticas macroeconômicas curtoprazistas. São políticas feitas em
detrimento do longo prazo, como controle de preços, políticas de transferência
de renda sem um programa bem estruturado ou negligência com inflação alta, por
exemplo.
A maioria dos economistas já abandonou a
ideia de que é preciso esperar o bolo crescer para, então, dividi-lo. Sabe-se
hoje que a desigualdade, além de ser um problema de direitos humanos, é uma
barreira ao crescimento. Logo, políticas que possam reduzir a desigualdade
podem colaborar não apenas para o bem-estar social dos mais pobres, mas também
para que as pessoas possam viver uma vida mais plena, feliz e produtiva.
Políticas que possam assegurar
trabalhadores contra choques negativos e flutuações de renda inesperadas também
podem ajudar no melhor funcionamento da economia. Hoje, há uma grande parcela
de trabalhadores no setor de serviços que não está devidamente assegurada. O
Estado precisa dividir o custo desse risco com a sociedade de uma forma mais
justa e eficiente.
O governo está focado em discutir revisão
de metas de inflação, autonomia do Banco Central ou políticas industriais. Por
que o governo não se concentra em reconstruir programas de transferência de
renda que foram destruídos no governo anterior, ou em analisar o impacto da
larga parcela de subsídios dados pelo Estado para alguns setores ou ainda
avaliar como assegurar trabalhadores de novas categorias de trabalho? O pobre
tem sempre de esperar.
*Professora do Insper, PH.D. em economia
pela Universidade de Nova York em Stony Brook
Um comentário:
"Por que o governo não se concentra em reconstruir programas de transferência de renda que foram destruídos no governo anterior, ou em analisar o impacto da larga parcela de subsídios dados pelo Estado para alguns setores ou ainda avaliar como assegurar trabalhadores de novas categorias de trabalho? O pobre tem sempre de esperar."
Este fecho do artigo não faz o menor sentido. O governo sempre diz q acabar com a miséria é seu maior propósito.
O PT sempre focou no trabalhador e, incansavelmente, busca transferência de renda pros pobres.
Diminuir a Selic faz enorme diferença no emprego, aumentando a renda dos trabalhadores pois incentiva o empreendedor a correr risco não-financeiro.
Não é o Lula q faz o pobre sempre esperar. Nunca foi. De onde vem tanta estultice?
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