sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Ruy Castro - 'Heil Bolsonaro!'

Folha de S. Paulo

Os militares que ainda o apoiam deviam ir ao Monumento aos Pracinhas para cuspir nas urnas

Reportagem de Isabella Menon na Folha ("Ideias nazistas em escolas acendem alerta", 3/1) traz um retrato alarmante: a naturalidade com que o Brasil tem convivido com atos de apoio ao nazismo, até mesmo em colégios e universidades. Esses atos vão desde suásticas pichadas em muros, grupos autoproclamados neonazistas, professores defendendo Hitler em aula e jovens que se fantasiam de Hitler e fazem seus gestos. Em dezembro, um adolescente em Aracruz (ES), portando uma braçadeira de suástica, matou a tiros quatro pessoas e feriu 13.

As causas são óbvias: a propaganda que esses jovens absorvem no submundo da internet e o discurso de ódio que escutam em casa. O envenenamento digital não seria tão eficiente se detectado por pais responsáveis e democratas. Mas, quando os próprios pais se identificam com aquelas teses, os garotos não têm chance. Como batismo de fogo, muitos foram levados para o quebra-quebra em Brasília.

Alguma dúvida quanto à presença de neonazistas entre os bolsonaristas da baderna? Jair Bolsonaro, pivô do levante, flertou com o nazismo durante toda a sua vida política. Há farta documentação: mensagens, discursos, slogans, auxiliares adeptos da estética hitlerista, homenagem a uma neonazista alemã e muito mais. Segundo a antropóloga Adriana Dias, o número de células neonazistas no Brasil pulou de 72 em 2015 para 1.117 em 2022. Mera coincidência com o mandato de Bolsonaro?

Em 1944, o Exército brasileiro mandou 25 mil heróis para a Itália, a fim de ajudar os aliados a combater o nazismo. Destes, 467 voltaram mortos e repousam no Monumento aos Pracinhas, aqui no Rio. Os militares que ainda apoiam Bolsonaro fariam melhor se fossem em coluna por um ao monumento e cuspissem nas urnas gritando "Heil Bolsonaro!".

Adriana Dias morreu neste domingo (29), vitimada por um câncer. É um duro abalo na luta contra o neonazismo no país.

 

5 comentários:

Anônimo disse...

Milico brasileiro.... cuspe!

Anônimo disse...

Reinaldo Azevedo, hoje, neste blog:
"À esteira da barbárie, o presidente substituiu o comandante do Exército. Isso não quer dizer que o "fator militar" —ou que nome se dê à vontade de tutela— tenha desaparecido."

Ruy Castro refere-se aos milicos bolsonaristas. Verdade. Mas estes têm falado mais alto do q os não-bozo. A omissão destes fortalece aqueles. Daí q o "fator militar" não desaparece.

Anônimo disse...

"Bolsonaristas da baderna" ou bolsonaristas da caserna? Há diferenças entre eles?

Fernando Carvalho disse...

O capitalismo em todo o mundo está na fase de desenvolvimento que denomino de "cadáver insepulto". Esse modo de produção baseado na propriedade privada dos meios de produção é muito versátil e aqui no Brasil, explorou o trabalho escravo do negro africano durante três séculos e meio (1538 até 1888). E o capitalismo quando está seguro de si se apresenta como democrata. Liberal, conservador, neoliberal... Quando está inseguro apela para a violência e se apresenta como fascismo e nazismo. E essas duas máscaras foram vistas durante a Segunda Guerra no século passado. E espantoso que no século XXI ao capitalismo restam apenas estas duas máscaras: fascismo e nazismo. A democracia liberal hoje é uma bandeira do povo (das mulheres, dos negros, dos índios, dos viados e das viadas). E aqui no Brasil a caricatura de Hitler verbaliza na televisão para todo o Brasil ouvir que a morte é natural. Queria que os gorilas de 64 tivessem matado 30 mil inclusive FHC. Que a especialidade dele é matar. Que os petralhas do Acre devem ser fuzilados. E o boçal simplesmente subornou os milicos, salvo as honrosas exceções.

ADEMAR AMANCIO disse...

Uma calamidade!