quinta-feira, 30 de março de 2023

William Waack - Os ‘socos na boca’ que Lula tem levado

O Estado de S. Paulo

Os planos de governo de Lula enfrentam dificuldades com a realidade

Mike Tyson tinha um soco formidável e uma perfeita definição do que é estratégia: “Todo mundo tem um plano até levar um soco na boca”. Supondo que Lula tenha como plano transformar o Brasil segundo suas visões políticas, já levou vários socos na boca. Em outras palavras, nenhum plano resiste ao primeiro contato com a realidade. É o que está acontecendo com os planos do presidente.

Promessas de campanha não cabem no Orçamento. Não cabem na nova constelação de poder no sistema de governo, com a ampliação das prerrogativas do Congresso. Não cabem num ambiente político de polarização calcificada e enorme oposição social ao governo do PT.

O cerne do plano de Lula é bem evidente. Trata-se de poder expandir sem muitos limites os gastos públicos esperando que tragam progresso para o País. Enquanto ele, árbitro e negociador máximo, acomoda no “gogó” interesses diversos e antagonismos que vão surgindo pelo caminho. Se deu certo antes, vai dar certo agora.

Ocorre que a realidade mudou nos últimos 20 anos talvez além da capacidade de compreensão do presidente. O Brasil tem produtividade e competitividade (fora o agro) estagnadas há décadas. E, na média dos últimos dez anos, exibe crescimento pífio com dívida pública maior. As previsões para o crescimento neste ano são, no fundo, mais do mesmo.

Instinto e experiência política dizem a Lula que sua popularidade vai se deteriorar rapidamente – portanto, sua capacidade de lidar com o Congresso –, se não apresentar resultados econômicos convincentes com muita brevidade. Daí a ânsia em martelar uma redução da taxa Selic, entendida por Lula como única condição agravante imediata da economia.

De fato, as taxas de juros são perversas no Brasil, mas por outro motivo. Elas são altíssimas no curto prazo, mas também no longo. O que traduz expectativas baixas e percepção de risco alta por parte dos agentes econômicos.

Quebrar esse “ferrolho” (que é, em parte, profecia que se autocumpre) exigiria de Lula brutal adaptação de seu plano – é o que implica a definição de

Tyson. Seria aceitar regras rígidas e impopulares de limite de crescimento de gastos e renunciar a exceções da regra – o contrário do que vem tentando.

Lula acha que os socos que está levando na boca vêm do presidente do BC e do presidente da Câmara. Na verdade, está sendo golpeado pela realidade de ele mesmo mandar menos, e ter dificuldades severas de coordenação política num país enfrentando desafios profundos que ele mal consegue entender.

O pior do nocaute é não saber de onde vem.

8 comentários:

Anônimo disse...

Esse chupetão racista acha que sabe, mas não sabe não

Anônimo disse...

Excelentes observações sobre governo de político habilidoso que, no decurso do tempo, virou chefe de quadrilha e falastrão decadente.

Fernando Carvalho disse...

O que o Brasil precisa fazer é uma auditoria da dívida pública. E chamar Maria Lucia Fatorelli. E acabar com a roubalheira dos bilionários.

ADEMAR AMANCIO disse...

Sei.

Anônimo disse...

Chora PeTebento nojento

Anônimo disse...

O mundo deu um suspiro de alívio com o Trump indiciado, belo exemplo para safadeza de político. O Brasil precisa aprender e botar o Lira pra correr.

Anônimo disse...

Kkkkk. Essa pérola é lá dos anos 80. Atualize - se

Anônimo disse...

Que bobagem, o que uma coisa tem com outra?