O Estado de S. Paulo
Proposta na mesa do relator da PEC no Senado prevê elevar a R$ 80 bi recursos para novo fundo
Chamado de “A Esfinge” por seus pares no
Senado, o relator da reforma tributária, Eduardo Braga, passou o recado para o
governo: vai aumentar o aporte de recursos da União para o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Regional. Braga não revelou o valor que vai colocar no seu
relatório (adiado para o dia 24), mas deixou claro o seu entendimento de que os
R$ 40 bilhões previstos no texto aprovado na Câmara não são suficientes para
acabar com a briga entre os governadores pela forma de partilha do dinheiro.
A coluna apurou que uma proposta que está na mesa, e que foi discutida pelo relator e os governadores da região Sul, é elevar o valor do fundo para R$ 80 bilhões por ano.
A metade desse dinheiro seria distribuída com
base no tamanho da população e outra metade, pelo chamado PIB invertido (quem é
mais pobre, recebe mais). A primeira solução é a proposta dos Estados mais
ricos e populosos, como São Paulo. A segunda é defendida pelos Estados mais
pobres do Norte e Nordeste. Esse modelo seria um mix dos dois.
Braga até citou um ditado popular para
justificar a necessidade de o ministro Haddad engordar o tamanho do fundo:
“Quando falta pão, todo mundo briga e ninguém
tem razão”.
O reforço no fundo já está contratado no
Senado, onde a força dos Estados é mais forte.
Tem quem diga que, se o valor ficar em R$ 60
bilhões, Haddad ainda sairia ganhando com o risco de a fatura ficar mais alta.
Nas negociações para a votação na Câmara, os Estados entregaram uma carta a
Lira pedindo R$ 75 bilhões. Haddad disse não, e Lira bancou.
É claro que o ministro não quer aumentar esse
valor, sob o risco de piora nas contas públicas, mesmo que o fundo só comece em
2029. É risco fiscal que entra na conta agora para os investidores, com impacto
nas expectativas.
O repasse de recursos para o fundo é despesa,
ainda que a PEC tenha um artigo (o 15.º) que tem passado despercebido, mas abre
a brecha para que os recursos transferidos pelo governo para o fundo fiquem
fora do novo teto de despesas do novo arcabouço fiscal. Essa é uma fatura permanente
e anual que estará na Constituição. Não há prazo para acabar.
O texto aprovado na Câmara prevê um aporte
começando em R$ 8 bilhões em 2029, com aumento gradual até chegar em 2033,
quando ele será de R$ 40 bilhões por ano.
Nessa disputa, que passa ao largo de outra
pressão dos setores para ficarem com alíquota reduzida, não dá para ignorar que
o tema já foi o responsável por travar a reforma tributária no Congresso várias
vezes no passado.
2 comentários:
Pois é.
Lendo e tentando entender essa barafunda.
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